A variante Delta do coronavírus, que se espalha por diversos países, inclusive o Brasil, preocupa cientistas por ser altamente transmissível. Para falar sobre o assunto, o Jornal da Tarde desta quarta (11) entrevistou a médica pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
"Existem dois tipos de variantes: as de alerta e de preocupação. Elas são denominadas de preocupação quando se tornam muito frequentes e muito patogênicas. Então, são as quatro variantes de preocupação, com as letras gregas, como nós chamamos: a Delta, Alfa, Beta e Gama, que circulam hoje em diferentes lugares do mundo. [...] Essas variantes chamadas de preocupação, elas assim são chamadas não apenas porque ela se transmitem muito mais rapidamente, como é o caso da cepa Delta, ela tem uma capacidade de transmissão muitas vezes superior às cepas originais", explica a especialista.
Segundo a pesquisadora, além da capacidade de transmissão, a grande diferença entre as cepas é a chamada morbidade: "A cepa Delta, até este momento, não parece ser tão letal quanto as cepas originais. Hoje, nós vemos uma taxa de internação muito menor, um impacto positivo na ocupação de leitos hospitalares, sobretudo nas faixas etárias mais velhas, que são aqueles mais vulneráveis. Não há dúvida de que o cenário epidemiológico da pandemia da Covid-19 mudou, inclusive no Brasil. Mas, a cepa Delta nos preocupa muito pela sua alta taxa de transmissão e porque nós não podemos assegurar que ela vá permanecer com essa morbidade".
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Independentemente da variante, a pesquisadora alerta que a Covid-19 tem taxas altas de sequelas em pacientes recuperados, mesmo aqueles que tiveram casos mais leves da doença.
"Já há trabalhos publicados mostrando que independentemente da gravidade do caso original, 80% das pessoas permanecem com algum grau de sequela. Essas sequelas, naturalmente, têm um diapasão de gravidade. 58% das pessoas ficam com a fadiga crônica da Covid-19, é muito frequente e leva muito tempo. E algumas sequelas mas ainda não podemos responder se elas serão definitivas ou temporárias, como por exemplo, a sequelas respiratórias. [...] Nós não sabemos responder ainda, não temos um recuo histórico suficientemente longo para responder se ela serão definitivas ou transitórias", afirma Dalcolmo.
Ela também reforça que o ritmo de vacinação no Brasil está aquém do necessário para conter a pandemia: "Nós deveríamos estar vacinando todos os dias no Brasil 2 milhões de pessoas. Já deveríamos estar vacinado os grupos mais jovens, que já estamos alcançando em várias cidades brasileiras. No entanto, nós ainda não temos um quantitativo de vacina suficiente para termos esse grau de eficiência que deveríamos ter. Nós deveríamos estar chegando a setembro de 2021 com, no mínimo 70%, da população brasileira vacinada [com duas semanas transcorridas após completar o esquema vacinal], e não vamos conseguir isso".
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Veja a entrevista completa:
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