Após a retirada das últimas tropas americanas do Afeganistão, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a defender sua decisão: "Era hora de terminar essa guerra".
Em um pronunciamento na Casa Branca nesta terça (31), ele citou mais uma vez o ex-presidente Donald Trump, que firmou um acordo para encerrar a presença americana no país.
"O fato é que tudo mudou. Meu antecessor firmou um acordo com o Talibã e eu assumi a presidência com uma data limite, 1º de maio. Enfrentamos uma de duas escolhas: seguir o acordo e apenas estender o prazo para dar tempo às pessoas que precisavam sair, ou mandar milhões de novas tropas e fazer uma escalada na guerra", afirmou.
Biden também considerou a missão finalizada hoje um "sucesso extraordinário", e atribuiu o feito às suas Forças Armadas, seus diplomatas e profissionais de inteligência.
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"Eu não ia estender essa guerra eterna e não vou estender uma saída eterna", justificou o presidente. Ele afirmou que a decisão de remover todas as tropas foi baseada na opinião unânime de membros de seu gabinete e seus conselheiros civis e militares.
Sobre a maneira como as tropas foram retiradas, ele disse "respeitosamente discordar" de críticos que argumentam que a missão poderia ter sido feita antes e de maneira mais ordeira: "Não há forma de evacuação no fim de uma guerra que se possa fazer sem as complexidades, os desafios e as ameaças que enfrentamos. Não há".
Biden falou, ainda, sobre os cidadãos americanos que continuam em solo afegão; segundo ele, entre 100 e 200 ficaram no país. "A maioria dessas pessoas tem dupla cidadania, são moradores de longa data que decidiram ficar por laços familiares no Afeganistão. No fim das contas, 90% dos americanos no Afeganistão que quiseram voltar, conseguiram voltar. Para os restantes, não há data limite. Seguimos comprometidos com a saída deles caso queiram sair", prosseguiu.
"A quem pede uma terceira década de guerra no Afeganistão, eu pergunto: qual é o interesse vital nacional? Na minha visão, só temos um: garantir que o Afeganistão jamais será usado novamente para atacar nosso país", continuou Biden.
Dirigindo-se ao ISIS-K, o presidente afirmou: "Ainda não terminamos de lidar com vocês. Como presidente, acredito firmemente que o melhor caminho para garantir nossa segurança é uma estratégia dura, rígida, precisa, que vai aonde o terrorismo está hoje, não aonde estava há 20 anos [...] Aos que querem fazer mal aos Estados Unidos, que cometem atos terroristas contra nós ou nossos aliados, saibam o seguinte: os Estados Unidos jamais vão descansar, não vamos perdoar, não vamos esquecer, vamos caçá-los até o fim do mundo e vocês pagarão o maior preço", afirmou.
"Meus companheiros americanos, a guerra no Afeganistão acabou. Sou o quarto presidente na posição de decidir se ou quando terminar essa guerra. Quando fui candidato, assumi um compromisso de terminá-la. Hoje, honro esse compromisso. [...] Após 20 anos de guerra, me recuso a enviar outra geração de filhos e filhas dos Estados Unidos para lutar por uma guerra que já deveria ter acabado há muito tempo", completou.
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Assista ao pronunciamento:
Nesta terça, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que o país quer manter boas relações com os norte-americanos, segundo sites internacionais de notícias.
Também nesta terça, a embaixada americana em Cabul, capital do Afeganistão, anunciou a suspensão das operações. “Enquanto o governo dos EUA retirou seu pessoal de Cabul, continuaremos a ajudar os cidadãos dos EUA e suas famílias no Afeganistão a partir de Doha, Qatar”, diz uma nota, publicada no site da organização.
A partir de agora, o Talibã passa a controlar de fato o Afeganistão. Logo após o último avião dos EUA decolar, o grupo realizou uma entrevista no aeroporto internacional de Cabul, cenário de tensão nas últimas semanas.
"Parabéns ao Afeganistão. Esta vitória pertence a todos nós", disse o porta-voz Zabihullah Mujahid. Ele afirmou que o Afeganistão quer manter relações diplomáticas com EUA: “Queremos ter boas relações com os Estados Unidos e com o mundo. Saudamos boas relações diplomáticas com todos”.
"A derrota dos EUA é uma grande lição para outros invasores e para nossas gerações futuras", concluiu Mujahid.
Veja mais na reportagem do Jornal da Tarde desta terça (31):
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