O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou, com vetos, o PL (projeto de lei) que altera a Lei de Propriedade Industrial. O texto estabelece a quebra temporária de patentes de vacinas e insumos em períodos de emergência ou de estado de calamidade pública na saúde, como é o caso da atual pandemia de Covid-19. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira (3).
O PL que dispõe sobre a mudança foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 11 de agosto e aguardava a sanção presidencial.
De acordo com o texto do projeto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o detentor da patente ou do pedido dela, caso ainda não obtida, receberá o valor de 1,5% do preço líquido de venda do produto derivado em royalties até que seu valor seja definido.
Em caso de pedidos de patente, os valores somente serão devidos caso ela seja concedida. O pagamento corresponderá a todo o período da licença compulsória concedida a outros fabricantes não autorizados antes da quebra da patente.
O licenciamento compulsório, termo técnico para a quebra de patente, será feito caso a caso, conforme a lei. Além disso, a quebra só poderá ser determinada pelo poder público na hipótese excepcional de o titular da patente se recusar ou não conseguir atender à necessidade local.
Apesar da medida ser válida apenas em períodos de calamidade na saúde, não será imposta para combater a pandemia de Covid-19.
"Assim, cabe ressaltar que esse licenciamento compulsório não será aplicado, no momento atual, para o enfrentamento da pandemia do coronavírus, uma vez que as vacinas estão sendo devidamente fornecidas pelos parceiros internacionais. Contudo, no futuro, caso exista um desabastecimento do mercado local, há a previsão legal para a possibilidade de aplicação da medida, em um caso extremo", destacou a Secretaria-Geral da Presidência, em nota.
Vetos
Bolsonaro decidiu vetar os dispositivos que obrigavam ao proprietário da patente efetuar a transferência de conhecimento e a fornecer os insumos de medicamentos e vacinas.
"Embora meritórias, essas medidas seriam de difícil implementação e poderiam criar insegurança jurídica no âmbito do comércio internacional, além de poder desestimular investimentos em tecnologia e a formação de parcerias comerciais estratégicas, havendo meios menos gravosos para se assegurar o enfrentamento desse tipo de crise", justificou a Presidência.
Os congressistas têm agora o poder para derrubar ou não os vetos feitos ao texto.
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