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Segundo as determinações do governo do estado de São Paulo, estudantes do estado começaram a retornar presencialmente às escolas na última segunda-feira (18), valendo para a rede estadual, particular e municipal. A decisão veio após avaliação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) do segundo semestre deste ano, em que a maioria das escolas operaram com um sistema de rodízio de alunos presencialmente.

Cada prefeitura definiu suas datas para o retorno obrigatório, que no caso da cidade de São Paulo, vale a partir do dia 3 de novembro, sem necessidade do distanciamento de 1 metro entre os estudantes. Para avaliar e entender os prós, contras e implicações desse retorno, o site da TV Cultura conversou com pais, alunos, diretores e profissionais da educação da cidade de São Paulo.

Rede municipal

Para Lucy Bulcão de Moraes, assistente de diretor do CEU EMEI Paraisópolis que atende crianças de 4 a 5 anos, a volta obrigatória neste momento lhe causa medo, por envolver vários fatores. “Temos que voltar, não tem jeito, principalmente para a Educação Infantil que é construída de relações. Mas eu também penso que as crianças não foram vacinadas”, opinou.

Lucy identifica um perigo na volta na medida em que as crianças foram “protegidas” da Covid-19 durante o período de ensino remoto, e que esse retorno será exatamente o que nos fará descobrir como ocorre a contaminação do vírus em crianças.

“Tenho medo porque criança pega tudo, é impressionante, eu falo que a máscara eu quero para sempre”, brincou. “Meu medo é o que vai acontecer com essas crianças. Nós, por muito menos, brincamos com a vida dos adultos, agora vamos brincar com a vida das crianças?”, alertou a assistente de diretor.

O CEU EMEI Paraisópolis em que Lucy atua adota as determinações da Seduc-SP, de retorno presencial total a partir desta segunda (25) na rede municipal, e deixará de realizar o rodízio de alunos na escola presencialmente. Ela afirmou que “2020 foi o grande ano para deixar a escola pronta para o retorno dessas crianças”, citando medidas como compra de placas de acrílico, sinalização de máscara, álcool em gel, entre outras, mas sua preocupação é com a sala de aula.

"Precisávamos de mais espaços, mais escolas, porque uma sala de aula com 35 alunos de 4 a 5 anos não é adequada nem em um período sem pandemia. Até para a questão da atenção do professor, são muitas crianças em uma sala. O ensino público é muito bom, com profissionais muito bons. Mas o que precisávamos era de mais escolas”, explicou Lucy.

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Rede particular

Já para o Colégio Anglo Chácara Santo Antônio, da rede particular, a estrutura do prédio já vinha recebendo grande parte dos alunos a partir do segundo semestre. Lucas Seco, diretor da escola, explicou que, a partir do momento em que foi permitida a capacidade de 100% dos alunos no colégio, desde que se mantendo o distanciamento de 1 metro, o rodízio não foi mais necessário.

“Hoje estamos com quase 80% dos alunos presentes na escola, porque temos espaço para isso, em uma situação em que nas poucas turmas ‘mais lotadas’, nem todas as famílias enviaram os filhos”, disse.

O colégio, inclusive, já estava recebendo a totalidade dos alunos para uma situação específica: a aplicação de provas. Segundo Lucas, a escola encontrou dificuldade com as provas online e, por isso, alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio as realizavam de forma obrigatória no prédio, com distanciamento. “Isso não seria uma mudança. Fizemos esse sistema para garantir a seriedade e lisura do processo”, explicou o diretor.

Além da a volta obrigatória de todos os alunos, a Seduc-SP também determinou que, a partir de 3 de novembro, não haverá mais a necessidade do protocolo de distanciamento de 1 metro entre os alunos. “Para as poucas famílias que não estavam à vontade para enviar os filhos, será obrigatória a presença, uma vez que não tem mais o argumento de que precisa preservar o distanciamento”, ressaltou Lucas ao site da TV Cultura.

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Pais e filhos

Sandra, mãe do aluno Thiago Niemeyer, do 7º ano do Colégio Anglo, faz parte deste grupo de responsáveis que não enviaram os filhos ao presencial. Para ela, as famílias poderiam continuar com a opção de manter os filhos estudando de forma remota até o final deste ano letivo.

“Falta pouco tempo para acabar o ano, não acho que um ou dois meses faria uma grande diferença”, afirmou. “Seria mais tranquilo o começo do ano que vem, com todos vacinados, já com uma visão mais geral da situação. Se eu tivesse a opção seria ano que vem mesmo, talvez, quem sabe, nem haja máscara, não sei. Me sentiria mais segura”, opinou Sandra.

Já o filho, mesmo afirmando o perigo de voltar agora com apenas uma dose da vacina contra Covid-19, sente falta do presencial. Sobre a volta, Thiago afirmou: “Acho que seria bom pra mim, porque só ficar na frente de um computador por horas não faz bem para ninguém. Porque faz falta eu não ter os amigos antigos da escola, ver os professores, tudo isso”.

A fala de Thiago ilustra a expectativa do levantamento do Datafolha da última semana, que revelou que 87% dos estudantes que retornaram às aulas presenciais se sentem mais animados, segundo a visão dos pais.

A pesquisa, que ouviu 1.301 pais e responsáveis de todas as regiões do país entre 13 de agosto e 16 de setembro, também mostrou que o número de alunos desmotivados com os estudos é de 58% entre os que ainda estão em ensino remoto, já entre os que voltaram a modalidade presencial este número cai para 51%.