Em outubro de 2022, os eleitores brasileiros elegerão os próximos deputados estaduais e federais, senadores, governadores e o presidente da República. Faltando menos de 10 meses para o primeiro turno, o programa Opinião desta semana discute o que a população leva em consideração na hora de definir o voto.
A jornalista e apresentadora Andresa Boni recebe Maurício Moura, economista e presidente do Instituto Ideia, e Jairo Pimentel, cientista político e sócio da Ponteio Política, para comentarem o tema. Entre os tópicos abordados, eles respondem se o voto tem caráter mais racional ou emotivo, e quais são os fatores determinantes para escolher um candidato.
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Para o economista Maurício Moura, o voto é uma manifestação emocional do eleitor, mas diferentemente do que ocorreu em 2018, quando existiam sentimentos de raiva e indignação ao sistema político, as eleições de 2022 devem se pautar a partir de perspectivas econômicas e de saúde.
“Em 2018, houve uma onda global, que o Brasil fez parte, de um voto antissistema. Na Europa e nos Estados Unidos surgiram movimentos de eleitores que queriam votar em partidos e pessoas que não tivessem nenhuma relação com o sistema político vigente”, lembra.
Moura relata que, após os candidatos serem eleitos e ingressarem no Poder, tornou-se mais difícil sustentar o discurso antipolítica e antissistema. Com isso, o movimento perdeu a força e o eleitor se voltou a soluções mais pragmáticas. Ele crê que o mesmo ocorrerá no Brasil em 2022.
“O país teve o ápice dessa onda antissistema e antipolítica, que permeou não só a eleição presidencial de 2018, como as eleições de assembleias estaduais. Nas eleições de 2022, até pelo senso de urgência que temos, o marketing político vai ser muito mais voltado para coisas mais tangíveis, como a economia, por exemplo”, diz o economista.
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Jairo Pimentel complementou dizendo que a agenda política mudou desde as últimas eleições gerais. “[Na época] havia uma indignação por conta de desdobramentos das investigações contra a corrupção – sendo a Operação Lava Jato a mais famosa”, comenta.
“Hoje, sobretudo por conta da pandemia, a agenda mudou para a questão econômica. Os governantes estão mais preocupados em cuidar da população; e os eleitores estão preocupados em [escolher] governantes que tenham a experiência necessária para tratar de temas relevantes no campo econômico”, complementa o cientista político.
Pimentel também aponta que as eleições municipais de 2016 serviram de antecipação para o que ocorreu em 2018 e 2020. Como exemplo, ele cita a eleição de candidatos de ‘fora da política’, como João Doria (PSDB), em São Paulo, e Alexandre Kalil (PSD), em Belo Horizonte, mas destaca que o perfil do eleitor mudou.
“Em 2020, tivemos a volta da política tradicional. O sentimento antissistema e antipolítica foi deixado de lado e nós elegemos mais prefeitos que já estavam no cargo, inclusive com uma alta taxa de reeleição à época”, comenta.
Na mesma proporção, segundo ele, as eleições de 2020 também indicam os desejos para este ano. “Para 2022, a volta da política tradicional, sobretudo do tema da economia, vai ser central no processo de decisão de voto”, finaliza o entrevistado.
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O Opinião completo vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h30 desta quarta-feira (12).
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