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O surfista Pedro Scooby, de 33 anos, questionou o uso do dever de casa para crianças no sistema de educação após ficar horas na escola. Em conversa com outro participante do reality show onde está confinado, o atleta mencionou a dificuldade que tem em ajudar seus três filhos.

Scooby é pai de Dom Piovani e os gêmeos Bem e Liz, frutos de seu casamento com a ex-mulher Luana Piovani. Antes mesmo de entrar no reality, ele havia se pronunciado contra o dever de casa enviado aos seus filhos. Para ele, o método de educação no Brasil precisa ser revisto.

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"A escola tem que mudar, tem que preparar a criança para um mundo que é diferente de 20, 30, 50 anos atrás. Tem outras coisas que são tão importantes quanto estudar, que a criança precisa explorar também, como a arte, o esporte e várias outras", declarou.

A reportagem do site da TV Cultura entrevistou educadores para entender se a afirmação do surfista tem fundamento. A educadora Adriana Martinelli, que soma mais de 25 anos de experiência na área educacional, acredita que a iniciativa parte de cada professor. Algumas escolas, no entanto, avaliam a gestão institucional, que está associada ao posicionamento pedagógico da instituição. Martinelli atua também no desenvolvimento de estratégias inovadoras para metodologias de ensino com utilização de tecnologias de comunicação e informação. 

Para Adriana, o dever de casa tem o objetivo de reforçar o que as crianças aprendem na escola. "Serve para fazer com que a criança esteja novamente em contato com aquilo que aprendeu, às vezes fazendo a mesma coisa, para exercitar o reforço e a memorização”, explica.

Sobre a afirmação de Pedro Scooby ela considera a possibilidade de questionar a função da necessidade da lição de casa. “Eu leio essa afirmação [do Pedro Scooby] como hora de repensar a função e o objetivo real das lições de casa e talvez questionar as necessidades dela”, diz a educadora.

"Provavelmente ele teve um trauma em sua vida escolar por questões talvez de lições de casa, por isso ele tem essa opinião. Porém, também reflete um ponto dos educadores de um modo geral. Existe uma linha que critica e outra que acha que é fundamental, então não temos diretrizes para isso”, completa Adriana.

Martinelli acredita que só existe uma verdadeira qualidade em adotar o processo de “lição de casa” se a criança está engajada e que ela tenha vontade de fazer aquilo para aprender. Não pode ser considerada um fardo. "Hoje, devido a pandemia, existe a possibilidade de acontecer tanto na escola quanto em casa, não na forma de lição de casa e sim de uma continuidade de aprendizado", finaliza.

Taís e Roberta Bento, fundadoras da SOSEducação e colunistas da revista "Pais e Filhos", explicaram que a história da lição de casa como castigo foi difundida em vários países depois que um professor italiano passou a exigir de seus alunos após comportamentos de indisciplina.

"Existe uma lenda sobre um professor italiano que decidiu exigir que seus alunos fizessem dever de casa toda vez que havia problemas de indisciplina durante as aulas. Ninguém até hoje conseguiu comprovar se de fato ocorreu e se esse professor italiano de fato existe. Há registros que mostram a lição de casa como parte da relação com o processo de ensino-aprendizagem desde a Roma antiga, quando os filósofos pediam que seus discípulos praticassem a oratória entre um encontro e outro", conta.

As especialistas defende a lição de casa como grande aliado no aprendizado infantil. "Podemos afirmar que a criança que faz o dever de casa se torna mais preparada não somente para um bom desempenho escolar, como também para enfrentar desafios da vida. O papel da família é fundamental para que o aluno não veja a lição como algo prejudicial e para que possa vencer o desafio da dedicação do tempo que o processo de aprendizagem demanda", aponta.

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