Gabriel Boric assume nesta sexta-feira (11) a presidência do Chile. A cerimônia será realizada no Congresso, na cidade de Valparaíso, e terá a presença do vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão e da ex-presidente Dilma Rousseff.
Boric é o presidente mais jovem da história do Chile, com 36 anos e assume o comando de La Moneda com mais desafios que os herdeiros da insurreição social, que na época, exigia maior qualidade de vida e sociedade igualitária.
O ex-deputado ficou conhecido por ser um dos líderes das massivas manifestações estudantis que tomaram as ruas de Santiago, em 2011. Boric terá de lidar com a crise de migração no norte do país, conflitos entre indígenas mapuche no sul e a vinculação da imagem de seu governo com a convenção que escreve a nova Constituição do país.
Para o sociólogo Eugenio Tironi, o primeiro desafio de Boric será conseguir que a Convenção Constitucional chegue a uma proposta aprovada no “plebiscito de saída”, em que a população irá decidir se aprova ou não o texto elaborado para substituir a Constituição de 1980.
A iniciativa de substituir o texto herdado da ditadura de Augusto Pinochet foi decidida no plebiscito de 2020, realizado após um acordo da classe política para finalizar a crise gerada pela insurreição social.
O presidente eleito será o primeiro a ter a maior parte do gabinete ministerial formado por mulheres. A maior parte de sua equipe será de jovens, junto com companheiros da liderança estudantil que levou a população às ruas em 2011.
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A nova gestão tem como objetivos principais reformas estruturais, como a tributária e da previdência. Por não ter maioria absoluta no Legislativo, a aprovação de projetos podem passar por empecilhos.
Boric afirma que mudanças em seu governo serão de forma gradual. Segundo o economista Francisco Castañeda, diretor da Escola de Negócios da Universidad Mayor, o discurso do presidente foi se tornando cada vez mais moderado após o primeiro turno das eleições.
Somado com a eleição para Ministro da Fazenda de Mario Marcel, até então presidente do Banco Central, o chefe de estado conseguiu acalmar o setor privado.
Para Tironi, apesar da falta de maioria absoluta no Legislativo, o chefe de estado deve encontrar um “um bom clima” para conseguir aprovar “uma reforma tributária relevante, uma reforma previdenciária que dê ao Estado um papel mais central, e para a criação de um sistema único de saúde”.
Apesar das demandas sociais que levaram os chilenos a tomar as ruas em 2019, os termos que mais dominam as discussões políticas são a insegurança urbana, conflitos por territórios e a massiva migração pelas fronteiras do país.
O norte e o sul do país estão em exceção constitucional de emergência, decorrente da crise migratória e territorial.
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