Paulo Pinheiro diz que ataque do governo à imprensa: "Faz parte de um processo autoritário"
No Roda Viva, o especialista fala sobre os números de ataques contra os profissionais da comunicação
30/05/2022 23h15
O Roda Viva recebe o cientista político e professor Paulo Sérgio Pinheiro nesta segunda-feira (30).
Pinheiro preside a Comissão Independente Internacional de Investigação da ONU para a Síria, com sede em Genebra. Também foi um dos fundadores da Comissão Arns de Direitos Humanos e também integrou a Comissão da Verdade, que apurou os crimes da ditadura militar no Brasil.
A jornalista e mestra em Direitos Humanos pela UnB Leonor Costa questiona o cientista político sobre a violência contra profissionais da imprensa. Durante o governo de Jair Bolsonaro, os número cresceram. Segundo dados da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), somente em 2021 foram 453, o mandatário proferiu 89 ofensas.
Dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também mostram alta. Em 2021, foram 430 casos em todo o Brasil. Leonor pergunta se a ameaça contra profissionais da imprensa é um projeto contra a democracia.
Assista ao trecho completo:
"Não há a menor dúvida [de que é uma ameaça à democracia], no elenco de negacionismo, coloco esse negacionismo na liberdade de imprensa. Houve até eventos de agressão física em palanques. Na comissão, a gente acompanha os dados. O Brasil está no alto de países que mais atacam jornalistas. Isso faz parte de um projeto autoritário, o presidente para se tornar autocrata é essencial calar a imprensa. Tudo isso incomoda", afirma.
Dados levantados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) mostram que, em 2021, o Brasil entrou, pela primeira vez, na zona vermelha do ranking e ficou na 111ª posição no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF).
Segundo Paulo Sérgio Pinheiro, os números representam “um indicador de uma gestão autoritária''.
Participam da bancada Marcelo Godoy, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S.Paulo, a jornalista e mestra em Direitos Humanos pela UnB Leonor Costa, Maria Carolina Trevisan, jornalista de Direitos Humanos e Política, o jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Bruno Paes Manso, e Maryano Maya, correspondente da coalizão internacional "Indigenous Peoples Movement".
Assista ao programa na íntegra:
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