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Também conhecida como monkeypox, a varíola dos macacos já atingiu mais de 50 mil pessoas em todo o mundo. Conversamos com um infectologista para explicar quais ações devem ser tomadas ao apresentar os sintomas da doença.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Rivaldo Venâncio, o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), esclarece o papel da instituição no processo de diagnósticos no país, a tendência atual de transmissão mundial do vírus, principais sintomas e procedimentos que devem ser seguidos pelo infectado.

Causada pelo Monkeypox vírus, a doença apresenta como principal forma de transmissão o contato direto de pessoa a pessoa, que inclui o sexual, mas não por meio de secreções sexuais femininas ou masculinas, e sim pelo contato pele a pele.

De acordo com o especialista, o fato das pessoas apresentarem manifestações gerais, ou seja, sintomas que se assemelham a outras doenças infecciosas, como por exemplo, febre, dor de cabeça, enjoo, indisposição e dor no corpo, não permite que elas desconfiem que estão com varíola dos macacos.

Entretanto, a situação começa a mudar a partir de um ou dois dias com o aumento de gânglios - pequenos nódulos existentes no corpo humano - próximo de onde vão nascer as lesões. A ferida, que normalmente aparece na região perianal, boca, face ou mãos, evoluí desde uma vermelhidão inicial até se romper e criar uma casquinha, um resquício da infecção.

“Se forem sair lesões genitais, teremos uma íngua inguinal, se for sair no rosto vai ser embaixo do pescoço e queixo. É sempre regional, próxima do local de surgimento da lesão. A partir daí, tem uma vermelhidão e se forma uma ferida que terá dentro dela uma secreção líquida, que serve para nós como diagnóstico”, diz.

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Quais devem ser as primeiras ações do infectado?

Rivaldo ainda expõe que o ideal é que o quanto antes o infectado observar a lesão e procurar de forma imediata uma unidade de saúde para tentar realizar o diagnóstico, melhor. No caso, ao sair de casa para realizar o procedimento, recomenda-se o uso da máscara se ele apresentar lesões na face, dentro ou fora da boca, porque a transmissão não ocorre de forma semelhante a da Covid-19. “Se ele tiver uma lesão na mão, ela tem que estar protegida”.

O tratamento muda de caso a caso, e a depender da localização da ferida, ela é muito dolorosa, o que faz com que o uso de analgésicos se torne importantíssimo. “Muitas vezes pode ter uma infecção bacteriana associada ao monkeypox e aí também se torna necessário o uso do antibiótico”, conta.

Segundo o especialista, o isolamento deve ocorrer no mínimo durante uma semana, mas a situação varia de acordo com a situação da lesão. “Cada caso é um caso, porque se a pessoa tem uma lesão genital, está totalmente protegida e toma os devidos cuidados com suas peças pessoais, é diferente de quem tem uma lesão facial, por exemplo”. Entretanto, ele revela que existe grande dificuldade em convencer uma parcela das pessoas infectadas a ficarem isoladas.

“Toda doença nova é preocupante, porque nós não a conhecemos, não sabemos como lidar com ela e não sabemos como ela irá se comportar em todas as pessoas, no entanto, depois que o Brasil e o mundo atravessou a Covid-19 tudo fica mais fácil, na magnitude do que nós enfrentamos, a situação está muito longe, não é nada parecida”, revela.

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De acordo com o Card de Situação Epidemiológica de Monkeypox no Brasil nº 59, criado pelo Centro de Operações em Emergências (COE) do Ministério da Saúde e atualizado na quinta-feira (15), às 16h, o país apresenta até o momento 6.649 casos da doença. São Paulo é o estado com a maior quantidade de diagnósticos (3.468).

“O que temos observado no mundo todo é uma redução dia após dia no número de novos casos, mas isso não acontece nas Américas, em especial na América do Norte e na América do Sul. Aqui ainda estamos no movimento ascendente no número de casos diários, mas é provável que em quatro ou seis semanas essa redução no Brasil esteja bem marcante”, declara.

No momento, a Fiocruz juntamente com outros laboratórios de saúde pública participa do processo de diagnósticos de duas formas, uma delas ocorre ao receber e analisar amostras de casos suspeitos e a outra é pelo desenvolvimento promovido pela própria instituição de um kit para o diagnóstico da monkeypox em outros laboratórios. “A partir de determinado momento não há porque centralizar o diagnóstico dessa doença, o ideal é que descentralize, para que o diagnóstico fique o mais próximo possível de onde está o doente”.

Com uma autorização inicial, mais de 20 mil testes foram distribuídos para alguns laboratórios do país orientados pelo ministério. A expectativa é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dê um parecer oficial sobre o kit nesta sexta-feira (16).