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O diagnóstico do câncer em cães e gatos preocupa os seus tutores, e a descoberta da doença é cercada por hipóteses sobre quais ações podem ter colaborado para o seu desenvolvimento, como por exemplo, a introdução da ração ao invés de comida caseira no dia a dia do animal.

Entretanto, em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Juliana Vieira Cirillo, médica veterinária oncologista, revela que a explicação do surgimento da doença em muitos casos está ligada ao fato de que devido a uma nutrição melhor, os pets vivem mais, e consequentemente, apresentam um risco maior de desenvolvê-la com o passar dos anos.

“Muitos tutores me perguntam se é a ração que causa câncer, e eu sempre falo que não. A partir do momento em que a ração foi introduzida na alimentação dos pets, ou seja, quando eles passaram a ter uma alimentação mais balanceada, a gente também viu que isso proporcionou uma longevidade em suas vidas. O câncer é mais comum em animais idosos, então quanto mais o animal vive, maior a chance dele desenvolver um câncer”, pontua.

Alimentação natural x ração

A especialista conta que atualmente muitos tutores analisam a possibilidade de parar de oferecer a ração e passar a dar comida caseira, entretanto, ela adverte que caso optem por essa opção, não devem se basear pelo “olhômetro”, mas por uma dieta formulada por um nutricionista. Apesar disso, do ponto de vista nutricional, para ela, a ração ainda é o alimento responsável por fornecer tudo o que o animal precisa.

“Quando falamos da dieta caseira, temos trabalhos que mostram que determinadas deficiências nutricionais podem aumentar o risco de surgimento de neoplasias, por isso temos que tomar cuidado na hora de fazer uma alimentação natural. Outro ponto importante é que quando o animal não tem uma dieta equilibrada, seja ela com a ração ou com a caseira, principalmente se ele apresenta um quadro de sobrepeso ou obesidade, temos trabalhos que comprovam nitidamente que este é um fator que aumenta o risco de câncer”, destaca Juliana.

Segundo ela, uma dieta equilibrada deve ser composta por no máximo 25% de carboidrato, de preferência composto por complexos, que são ricos em fibras. De 30% a 40% de proteína e o restante de gordura, caso o paciente não apresente nada que contraindique isso.

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A ração usada no dia a dia pode ser avaliada pelo veterinário e trocada caso necessário durante o tratamento, para uma que se aproxime mais do perfil ideal para o paciente oncológico. “Quando a gente pensa nas rações secas, elas sempre acabam tendo uma proporção maior de carboidrato, então quando um veterinário está tratando um animal com câncer, vale a pena ele avaliar se a ração que ele está consumindo tem muito carboidrato. Porque tem ração que tem 25%, mas também tem as que chegam em até 60%”, esclarece.

O que pode ou não entrar para a dieta?

Para Juliana, os petiscos podem ser oferecidos pelos tutores como um agrado, entretanto, na hora da compra, eles não devem deixar de analisar a qualidade do produto que será oferecido ao pet, e destaca que: “Hoje em dia já temos até mesmo petiscos funcionais, enriquecidos com algum nutracêutico que vai trazer um benefício para a saúde do animal. [...] Na minha opinião, eles seriam os mais interessantes a serem oferecidos”.

As frutas, apesar de parecerem positivas para a nutrição, são consideradas como desnecessárias pela especialista, já que servem apenas como um petisco para deixá-los felizes e ainda podem causar problemas. “Temos que lembrar que elas tem frutose que vai virar glicose, então se você tem um animal que precisa perder peso, ou se está no peso ideal e você começa a dar a fruta, ele pode engordar por conta delas”, diz.

O que fazer se o animal rejeitar a ração?

Caso durante o tratamento ele passe a rejeitar o alimento, ações devem ser tomadas de imediato, já que a perda de peso, principalmente a perda de massa magra, ou seja, a muscular, significa algo ruim para o paciente oncológico.

Nesse caso, as rações úmidas, que são as comidas em latinha ou mesmo sachês, se tornam opções indicadas pela médica veterinária para a situação. “Normalmente esses alimentos são altamente palatáveis, exatamente para os estimular a comer. Então podemos começar a fazer o uso desses produtos comerciais. Caso ele não aceite, eu oriento o tutor a fazer a dieta caseira para ver se ele apresenta uma aceitação melhor”.

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Mas além da alimentação, Juliana expõe outros cuidados que são indispensáveis para o bem-estar do animal durante esse período: o tratamento de suporte, que envolve o controle de dor, o uso de remédios que controlem a náusea e o vômito, e muitas vezes o uso de estimulantes de apetites. Também se faz importante suplementar nutracêuticos, como o Ômega 3 e o Beta-Glucano, oferecer uma dieta rica em fibras prebióticas para que se mantenha o equilíbrio da microbiota intestinal, além de avaliar e suplementar, caso necessário, a quantidade de proteína e aminoácidos essenciais na dieta para evitar que o paciente oncológico apresente perda de massa magra.