No início de janeiro, os hospitais do Brasil registraram aumento de casos do vírus sincicial respiratório (VSR). A doença afeta, principalmente, bebês e crianças pequenas de 0 a 4 anos. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o vírus foi visto nos primeiros dias do ano em São Paulo, Distrito Federal e nos três estados da região Sul.
O Boletim Infogripe, publicado pela Fiocruz, nesta quinta-feira (26), mostra que pelo menos 18,8% entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios nas últimas quatro semanas foram causados pelo VSR no país.
Nas crianças de zero a quatro anos, o VSR também continua de maneira expressiva no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e nos três estados da região Sul. Entretanto, diferentemente do que se observa no DF, nestas unidades federativas já há queda nas semanas recentes.
No momento, apenas o Distrito Federal (DF) segue como exceção, já que ainda não apresenta reversão para queda. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 3, período de 15 a 21 de janeiro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 23 de janeiro.
O Portal da TV Cultura conversou com a Dra. Anna Sara Levin, professora associada do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do Grupo de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital das Clínicas e da Comissão de Pós-graduação do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias do hospital. Segundo a especialista, o aumento do vírus acontece ‘fora de temporada’.
O VSR possui caráter sazonal, com predominância nos períodos de outono e inverno, como aponta o Ministério da Saúde. De acordo com a Dra. Anna Sara Levin, as doenças infecciosas não estão obedecendo mais o calendário, e é difícil entender o motivo da incidência da doença no verão.
A doença é responsável por infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças. A maioria das crianças com infecções do vírus apresentam apenas sintomas leves, os sinais mais comuns são parecidos aos sintomas de um resfriado comum, como tosse, coriza e febre.
No entanto, a doença pode levar a quadros de bronquiolite e pneumonias. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade. A professora explica que as crianças são as mais atingidas por conta da exposição, mas elas não são as únicas, imunossuprimidos também podem ser afetados.
“A faixa etária [0 a 4 anos] não esteve exposta anteriormente. A doença é basicamente a questão da exposição, pessoas que nunca tiveram. O vírus sincicial respiratório pode causar infecções graves em crianças porque elas são pequenas, e elas têm quadros graves. Além disso, pessoas que têm imunossupressão”, afirmou.
“Para o resto das pessoas não é uma infecção muito importante, é o resfriado da época, às vezes nem apresentam sintomas, ou apenas leves. O que é comum são crianças com bronquiolite e pneumonia, que são graves, vão pro socorros e ficam internadas. Esse é o grupo de pessoas que vai ficar evidente que o vírus está circulando”, completou.
Transmissão e proteção
A especialista ressalta que o contágio acontece principalmente pelas mãos, ou seja, pelo toque. Ela explicou que uma pessoa com o vírus é transmitida quando o infectado toca em superfícies e objetos.
“O VSR é diferente, ele se transmite pelas mãos, a secreção contamina a mão, contamina o ambiente e as pessoas tocam e se infectam. É diferente da Covid, por exemplo, que transmite mais pessoas por tosse, por secreção de uma pessoa para outra. É a característica mais e diferente”, destaca Anna Sara Levin.
Segundo a médica, para prevenir a doença é necessário a lavagem das mãos constantemente, uma vez que são as responsáveis pela transmissão. Além disso, alguns outros cuidados podem ser tomados: Evitar o contato das crianças com adultos que apresentem sintomas de resfriado ou gripe, e evitar aglomerações de pessoas.
“Crianças doentes não devem ir para escola, por exemplo, por mais difícil que seja para os pais. Se uma criança tem um quadro leve, ela pode passar para uma outra criança que pode ter um quadro grave. Então, crianças que estão resfriadas não devem ir para escola, é necessário a higiene das mãos, mesmo sendo difícil em crianças pequenas”, pontuou.
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