O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou em depoimento de quase quatro horas à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em nenhum momento "mostrou contrariedade" ao plano golpista proposto pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
À revista “Veja”, do Val disse que Bolsonaro e Silveira organizaram uma reunião para propor gravar sem autorização alguma conversa que comprometesse o ministro Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Que durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado; que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto, e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto do depoente como do presidente; que em nenhum momento ex-presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio", contou o senador à PF.
Do Val falou que, ao chegar ao encontro, conversou com Bolsonaro sobre a "ausência de manifestação" dele em relação aos acampamentos com intenções golpistas em frente ao QG do Exército.
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O senador disse que em determinado momento Silveira perguntou "se ele cumpriria uma missão importantíssima". Segundo do Val, a "missão" seria a gravação ilegal do ministro Alexandre de Moraes.
Ainda no depoimento, ele disse que a intenção de Daniel Silveira era que a conversa fosse conduzida "de maneira que Moraes falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição".
Durante uma transmissão ao vivo com integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) na última quarta-feira (3), Marcos do Val disse pela primeira vez sobre a existência do encontro entre Bolsonaro e Silveira. Na ocasião, ele disse que o ex-presidente teria imposto a ele a participação no plano.
"Eu vou soltar uma bomba. Na sexta-feira [3], vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para dar um golpe de estado junto com ele. E é lógico que eu denunciei", disse.
À PF, o senador não atribuiu a responsabilidade do plano golpista ao ex-chefe do executivo.
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