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2,2 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão na zona rural em 2022

De acordo com a CPT, nos 207 casos registrados no último ano, 2.218 trabalhadores foram libertados, o maior número dos últimos 10 anos


18/04/2023 09h50

Mais de 2 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão no meio rural em 2022 no Brasil. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos 207 casos registrados no último ano, 2.218 trabalhadores foram libertados, o maior número dos últimos 10 anos.

Na comparação com 2021, o número de resgatados aumentou 29% e o de casos cresceu 32%. O setor sucroalcooleiro, ramo da agroindústria responsável pela produção de açúcar, álcool e outros derivados da cana-de-açúcar, teve o maior número de pessoas resgatadas: 523 trabalhadores.

Ainda de acordo com o levantamento, 62% dos resgatados estavam trabalhando em monoculturas.

“Contudo, esses dados não representam o total de pessoas que trabalham em condições sub-humanas no campo brasileiro, uma vez que nem todas as ocorrências são notificadas ou mesmo descobertas”, diz a CPT.

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Veja o número de casos registrados e de trabalhadores resgatados por estado:

Minas Gerais: 62 casos, com 984 pessoas resgatadas

Goiás: 17 casos, com 258 pessoas resgatadas

Piauí: 23 casos, com 180 pessoas resgatadas

Rio Grande do Sul: 10 casos, com 148 pessoas resgatadas

Mato Grosso do Sul: 10 casos, com 116 pessoas resgatadas

São Paulo: 10 casos, com 87 pessoas resgatadas

O ano de 2022 também ficou marcado pelo forte crescimento do número de violência contra a pessoa no campo. Segundo a CPT, foram 553 ocorrências, que vitimaram 1.095 pessoas. O número de casos é 50% maior do que o registrado em 2021 (368, com 819 vítimas).

“Ao analisar os assassinatos em conflitos no campo, percebe-se que crianças e adolescentes passaram a estar na mira deste tipo de violência durante o governo Bolsonaro”, explica a CPT.

De 2019 a 2022, nove adolescentes e uma criança foram mortos no campo. Destes, cinco eram indígenas.

A entidade ainda ressalta que “essa tendência alarmante sugere uma tentativa de aniquilar o futuro do país, bem como a permanência dos povos originários e camponeses em seus territórios”.

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