O ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) informou nesta quinta-feira (20) que 46% dos veículos abordados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022 foram de estradas do Nordeste.
A partir da retirada do sigilo da PRF pela Controladoria-Geral da União (CGU), foi possível observar uma concentração atípica das operações na região no dia 30 de outubro, data em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) disputaram o segundo turno.
Embora o Nordeste represente 27% da população do Brasil, quase metade dos veículos fiscalizados eram da Região. De acordo com a tabela divulgada por Dino, no total foram paralisados 696 veículos no país, enquanto só no Nordeste foram 324 ônibus interrompidos.
"Temos agora a comprovação empírica, que nasce da própria Polícia Rodoviária Federal, no sentido de que houve um desvio de padrão, em relação à atuação rotineira, ordinária da PRF", explicou o ministro durante coletiva em Brasília.
Ainda segundo ele, a fiscalização da Polícia no dia das eleições foi até mesmo superior às que ocorrem durante as festas juninas nordestinas, conhecidas por receber um elevado número de turistas.
Confira outros números apresentados que revelam a atuação atípica no Nordeste no dia do segundo turno:
Pontos de Fiscalização
Nordeste - 290
Sudeste - 191
Sul - 181
Centro-Oeste - 153
Norte - 96
Agentes efetivos
Nordeste - 795
Sudeste - 528
Sul - 418
Centro-Oeste - 381
Norte - 230
Outro dado que chamou atenção foi relação ao valor destinado a pagar 'horas extra'. No Sudeste, cerca de R$ 685 mil foram gastos para pagar os agentes convocados no dia da eleição, enquanto no Nordeste, que tem um menor número populacional, o valor gasto foi de quase um milhão.
Suspeitas da irregularidade
No dia do segundo turno, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, proibiu a PRF de realizar atuações que prejudicassem a votação dos eleitores nordestinos. Além dos votos serem um direito dos cidadãos brasileiros, o bloqueio do acesso aos nordestinos à votação poderia favorecer o então candidato Jair Bolsonaro, já que há um número considerável de eleitores de Lula no Nordeste do país.
A PF também investiga uma viagem do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que alega ter ido à Bahia na véspera do segundo turno a fim de reforçar a fiscalização policial durante as eleições. Torres está preso preventivamente desde janeiro deste ano suspeito de participação nos atos antidemocráticos em Brasília.
Leia também: PF marca depoimento de general Gonçalves Dias para próxima sexta-feira (21)
REDES SOCIAIS