Dia de São Miguel Arcanjo: conheça a igreja mais antiga da cidade de São Paulo
Capela localizada na zona leste da capital paulista foi fundada por José de Anchieta e tem quatro séculos de história
29/09/2023 16h45
Você sabia que a igreja mais antiga de São Paulo está localizada no bairro de São Miguel Paulista, na zona leste da capital? E como 29 de setembro é o dia de São Miguel Arcanjo, a TV Cultura te conta um pouco da história deste templo religioso.
Leia mais: Semana Animal SP promove castração e vacinação gratuita de pets até o dia 4 de outubro
Com aparência singela e fachada simples, a Capela chama a atenção por ser uma das raras construções do século 17 a manter suas características praticamente intactas.
Construída com bambu e sapé em 1560 pelo Padre José de Anchieta, com o intuito de evangelizar os indígenas guaianás, descendentes de São Paulo de Piratininga, a Capela de São Miguel Arcanjo, ou “Capela dos Índios”, como é chamada pelos moradores do entorno, é um marco da colonização e da chegada dos jesuítas no Brasil.
Por se tratar de uma construção indígena, seus elementos artísticos e sua arquitetura são testemunhas dessa história.
“A pia batismal e a bancada de comunhão são originais e esculpidas em jacarandá. Esta última, ornamentada por querubins em duas extremidades, expressa a singeleza das mãos que entalhou os rostos de traços finos e alongados, a exemplo das feições europeias.”, afirma Juliana Pessoa, Coordenadora Cultural do Museu da Capela de São Miguel.
Também chamam a atenção os totens encontrados na janela e na porta externas da construção original. Os entalhes não apresentam semelhança com figuras do gênero produzidas por nativos brasileiros, o que indica tratar-se de testemunho da presença em São Miguel, e talvez do único vestígio no Brasil de índios capturados em regiões andinas por sertanistas que atuavam na América espanhola, como era o caso de Fernão Munhoz.
Descobertas durante a restauração
O último restauro da Capela aconteceu no período entre 2006 a 2011. A igreja estava em péssimos estados de conservação e durante a reforma houve algumas descobertas e redescobertas.
“As pinturas parietais em taipa de pilão foram as principais descobertas. No restauro do IPHAN já se tinha registro destas pinturas, mas nada foi feito. Durante o último restauro, foi uma surpresa, retirar os altares de madeira inseridos pelos franciscanos quando os jesuítas foram expulsos de São Paulo, saber que estas pinturas ainda existiam e que, a partir disso, seria possível consolidá-las e conservar”, explica a Coordenadora Cultural do Museu.
Segundo Juliana Pessoa, houve interesse da administração da Capela (Associação Cultural Beato José de Anchieta) e dos profissionais do restauro em mantê-las expostas de alguma forma, mas todas as tentativas de aprovação pelo IPHAN foram negadas, talvez pelo receio de danificá-las, porque se tratam de pinturas únicas e que não se tem ainda muito conhecimento técnico, científico para conservá-las ou restaurá-las. Por isso, hoje, elas são expostas somente de uma a duas vezes ao ano.
“As demais descobertas foram com relação a algumas imagens sacras. Percebemos por fotografias, e a história de igrejas coloniais nos conta muito sobre isso também, que muitas imagens da Capela foram saqueadas”.
O templo comporta de 80 a 90 pessoas sentadas e fica na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, em que divide o espaço com a Catedral de São Miguel Arcanjo, erguida a partir de 1950.
Confira a programação deste fim de semana:
Neste fim de semana, a capela encerra as festividades de São Miguel. Às 10h da manhã, o evento vai contar com a presença do Prof. Me. Fabrício Forganes Santos, para uma palestra que terá como tema: “A Capela de São Miguel como documento das presenças indígena e negra nas terras de Ururay”.
Já às 13h, o Coletivo Estopô Balaio realiza a performance “Alguns destes é seu parente?”, com um cortejo musical em que os artistas, vestidos com um estandarte acima de seus corpos com fotos de seus parentes indígenas e de outros migrantes nordestinos indígenas que chegaram em São Paulo e munidos de instrumentos percussivos cantam algumas músicas do novo espetáculo RESET BRASIL, que tratam da memória indígena dos bairros Jardim Romano e São Miguel Paulista.
Para fechar as festividades, o Grupo Passeando Pelas Ruas ministrará uma oficina com o tema: Patrimônio Cultural da Zona Leste.
A atividade debaterá a importância da preservação e difusão do patrimônio cultural da Zona Leste, enfocando a diferença da História, Memória e do Patrimônio, bem como outros temas e atividades desenvolvidas pelo coletivo Passeando pelas Ruas, sobretudo em São Miguel.
Serviço
Capela de São Miguel Arcanjo
Local: Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, 10 – São Miguel Paulista
Visitas guiadas ao museu: de terça a sábado, das 10h às 16h (com agendamento prévio)
Ingressos:
R$ 5,00
Meia entrada: R$ 2,50 - Alunos e professores da Rede Privada/Particular de Ensino Gratuito: Indígenas, professores e alunos da rede pública de ensino, pessoas com deficiência, ONGs, idosos acima de 60 anos e paroquianos.
REDES SOCIAIS