Causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae, a Febre do Oropouche se trata de uma doença aguda infecciosa.
A transmissão ocorre principalmente pela picada de mosquitos. Ao todo, existem dois tipos de ciclos: no silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são infectados. Já no urbano, os seres humanos são os mais atingidos.
O Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é apontado como o principal transmissor, tanto nas áreas silvestres como nas urbanas, que também podem ter o Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou muriçoca, como transmissor ocasional.
Até 25 de maio, 5.802 casos foram registrados, 87,7% concentrados na região Norte do país e sem a contabilização de óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde. No ano passado, no entanto, o número foi expressivamente menor, com a confirmação de apenas 835 ao longo de 12 meses.
Segundo a pasta, esse crescimento pode ser justificado por dois fatores: a testagem para outras arboviroses em casos negativos para dengue, zika e chikungunya, que passou a ser promovida a partir de 2023, e as mudanças climáticas, que têm impactado no aumento e dispersão de casos de diversas arboviroses.
Em entrevista ao site da TV Cultura, o infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda com o que é relatado pela Saúde e esclarece que em locais endêmicos, como, por exemplo, Amazonas, Rondônia e Pará, o volume das chuvas pode influenciar no aumento de testes positivos, mas, fora destes, pode ser decorrente de uma vigilância mais eficaz de infecções virais.
“Quando se faz teste para a dengue e não é, e também não é chikungunya ou zika, eles testam outros vírus, e aí aparecem os casos de Oropouche. Eu tenho a impressão de que isso decorre de uma melhora na vigilância epidemiológica”, expõe.
Para o especialista, o cenário atual não representa risco para uma epidemia, como é o caso da dengue, já que não há uma transmissão sistemática consolidada no ambiente urbano, fora da floresta amazônica.
Sintomas e tratamento
De maneira geral, os sintomas são semelhantes aos da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
Por esse fato, normalmente o diagnóstico é feito sob a suspeita de um deles, e com o resultado negativo, investigam-se outras possibilidades, o que impede que a descoberta seja feita sem a realização de exames laboratoriais. Caso apresentem resultado positivo, a indicação é de que os pacientes fiquem em repouso, em tratamento sintomático, e sejam acompanhados por um médico.
Quais cuidados tomar?
De acordo com o especialista, algumas medidas de prevenção podem ser seguidas no dia a dia, especialmente por quem mora ou viaja para a região endêmica. São elas:
- Dormir protegido por cobertores;
- Utilizar roupas que cubram todo o corpo;
- Passar repelente;
- Manter a casa limpa.
“Tem que fazer vigilância? Sim, porque esse cenário pode mudar, mas eu tenho a impressão de que esses poucos casos que foram registrados ainda são subnotificados, e que essa não é uma doença que a curto prazo pode causar uma pandemia ou epidemia em nosso país”, explica Hélio Bacha.
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