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Busca por beleza irreal causa mortes e resultados indesejados: “Número de seguidores não é currículo”

Brasil está entre os países que mais realizam intervenções cirúrgicas no mundo


28/06/2024 08h50

Mortes e resultados indesejados em procedimentos estéticos ‘ganham’ as redes sociais de tempos em tempos. Um dos casos mais recentes foi o do empresário Henrique Chagas, que morreu no dia 3 de junho após ser submetido a um peeling de fenol.

O assunto foi um dos mais comentados do mês. Fato que se deu principalmente pela falta de especialização de Natalia Becker, responsável por realizar a técnica que causa queimaduras e descamação da pele e, consequentemente, a renovação celular. Sem formação em medicina, a influenciadora foi indiciada por homicídio doloso.

Após o ocorrido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a utilização de produtos à base de fenol em qualquer atividade estética.

Em 2020, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil voltou a ser o segundo país que mais realiza intervenções cirúrgicas no planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. Nos dois anos anteriores (2018 e 2019), os brasileiros estavam no topo do ranking.

Em entrevista ao site da TV Cultura, Gabriela Schwartzmann, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), expõe que, o uso de filtros na internet colabora para que as pessoas desenvolvam expectativas irreais, principalmente pelo fato de influencers digitais propagarem uma imagem inexistente.

A especialista ainda ressalta que ao pensar em qualquer tipo de intervenção, é necessário avaliar todos os riscos, seja em maior ou menor grau.

“Até para atravessar a rua se tem risco de morrer, então você não vai adotar medidas para não morrer? Você vai olhar para os dois lados e ver se passa carro. Existem medidas de segurança justamente porque existem riscos, e em procedimentos estéticos isso não é diferente. O que acontece é que muitas pessoas são levadas a acreditar que é só atravessar a rua, sem olhar para os lados, que alguém vai te levar em segurança, e não é bem assim”, ressalta.

Ao se ter a convicção de que quer realizar mudanças em qualquer parte do corpo, a médica esclarece que a primeira coisa a se fazer é conhecer a fundo o especialista, com checagem do nome do profissional no Conselho Federal de Medicina, por estado ou cidade, para verificar se realmente é membro e qual é a sua especialidade.

“O número de seguidores e antes e depois não é currículo, as pessoas confundem fama com expertise, esse é um grande problema”.

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Além disso, outro ponto importante a se levar em consideração é o preço, já que o barato muitas vezes pode sair caro com a economia, seja na expertise do profissional, no ambiente ou na qualidade dos produtos utilizados: “Desconfie de valores ou condições muito abaixo do mercado e de qualquer profissional que fale que o resultado é garantido, porque todo e qualquer procedimento vai apresentar um risco”.

Segundo Schwartzmann, um dos maiores desafios é que a população procura por soluções fáceis e rápidas, o que é aproveitado por “profissionais inescrupulosos que entraram na estética pautados em cima de sonhos”, o que faz com que o papel dos órgãos sanitários seja cada vez mais importante e necessário.

“É muito triste assistir o que esse cenário e a proporção que esses procedimentos feitos de forma incorreta tomaram, vemos um boom de sequelas para serem corrigidas, com grandes sofrimentos, tratamentos caros e extremamente prolongados”, relata.

Para evitar resultados indesejados, pesquisar sobre a intervenção que será realizada também é de extrema importância, o que pode ser feito de maneira fácil e confiável pelo site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

“Se a pessoa estiver realmente interessada, ela tem que buscar conhecer o procedimento. Quando vai comprar um carro não se busca informações? As outras opções no mercado? Acredito que precisamos agir da mesma forma quando estamos falando de saúde”.

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Realizar qualquer tipo de procedimento sem passar por uma avaliação prévia é perigoso e contraindicado. Tudo deve ser levado em consideração: a condição de saúde, quais medicações toma, quais tipos de tratamento fez antes, se algum remédio pode interferir no processo e se existe alguma contraindicação. Exames devem ser solicitados sempre que existir demanda, assim como a avaliação pré-anestésica.

“Nas redes sociais, muito se vende que tudo é fácil, rápido e garantido, mas uma coisa que prezamos muito é a segurança do paciente. Uma vez que vamos fazer um procedimento, nós obrigatoriamente temos que saber tratar as complicações, essa é uma prerrogativa, além de saber adotar condutas adequadas e precoces para prevenir danos”, finaliza Gabriela.

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