O Pantanal pode enfrentar a pior crise hídrica já observada no bioma, de acordo com um estudo inédito divulgado nesta quarta-feira (3).
Encomendado pelo WWF-Brasil e realizado pela empresa especializada ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão, revela que nos primeiros quatros meses deste ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água foi menor do que a do período de seca em 2023.
“Graças à alta sensibilidade do sensor do satélite Planet, pudemos mapear a área que é coberta pela água quando os rios transbordam. Ao analisar os dados, observamos que o pulso de cheias não aconteceu em 2024. Mesmo nos meses em que é esperado esse transbordamento, tão importante para a manutenção do sistema pantaneiro, ele não ocorreu”, ressalta Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil e também uma das autoras da pesquisa.
Ela explica que a condição de seca é atingida quando o nível do rio Paraguai fica abaixo de 4 metros, o que não passou de 1 metro de altura em 2024. A temporada de estiagem, inclusive, ainda deve se intensificar no segundo semestre.
A última grande cheia na maior área úmida continental do planeta ocorreu em 2018. No ano seguinte, no entanto, teve início o período mais seco já observado pelos pesquisadores desde 1985. Um levantamento do MapBiomas, lançado recentemente, ainda informa que o bioma brasileiro é o que mais sofreu com queimadas nos últimos 40 anos.
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Os resultados obtidos apontam para uma realidade preocupante: o Pantanal tende a secar ainda mais até o mês de outubro, o que o torna mais vulnerável, aumentando as ameaças à sua biodiversidade, aos seus recursos naturais e ao modo de vida da população.
Ademais, vale pontuar que a seca e a redução da disponibilidade de água não se dão apenas pela ocorrência de eventos climáticos, mas também por ações humanas, como a construção de barragens e estradas, o desmatamento e as queimadas.
A sucessão de anos com poucas cheias e secas extremas poderá mudar permanentemente o ecossistema, com consequências drásticas para a riqueza e a abundância de espécies de fauna e flora.
Por isso, a nota técnica traz uma série de recomendações, como, por exemplo, mapear as ameaças que causam maiores impactos aos corpos hídricos, fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento, restaurar áreas de Proteção Permanente (APPs) nas cabeceiras, além de apoiar a valorização de comunidades, proprietários e do setor produtivo que desenvolvem boas práticas e dão escala a ações produtivas sustentáveis.
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