O Brasil enfrenta sua quinta onda de calor em 2025, que deve se prolongar durante o Carnaval e atingir regiões metropolitanas. As altas temperaturas exigem cuidados com a pele e com a saúde.
A exposição excessiva aos raios ultravioletas (UV) sem a devida proteção pode causar danos à pele, como desidratação, ressecamento, hiperpigmentação e até queimaduras.
Em entrevista ao portal da TV Cultura, o médico dermatologista Dr. Gustavo Novaes explicou os efeitos imediatos e a longo prazo da exposição solar desprotegida, além de métodos de cuidado e prevenção.
“Uma pessoa que se expõe excessivamente pode desenvolver queimaduras solares de diferentes intensidades, dependendo do tempo de exposição, do uso ou não de protetor solar, do tipo de roupa utilizada e da presença de sombra”, afirmou o especialista.
Ele ressalta que o tipo de pele influencia diretamente na sensibilidade aos raios UV, vermelhidão e na capacidade de bronzear. Pessoas com tons de pele mais claros apresentam maior risco de queimadura.
“Essa é, inclusive, uma forma de classificar os fototipos de pele, com base na tendência a desenvolver queimaduras e na facilidade de bronzear. Algumas peles nunca bronzeiam e sempre se queimam, outras são intermediárias, podendo tanto bronzear e queimar, e há aquelas que raramente sofrem queimaduras e sempre adquirem um tom mais escuro”, explicou.
O médico destaca ainda que a queimadura ocorre antes do bronzeamento, já que o bronzeamento de forma gradual e segura, com exposição moderada ao sol.
“Se você se expõe de maneira controlada, a radiação UV estimula a produção de melanina, substância responsável pela pigmentação da pele. O aumento da melanina vai gerar o bronzeamento. Esse processo deve ocorrer de forma equilibrada para evitar danos”, reforçou.
A classificação mencionada por Dr. Gustavo refere-se à Escala de Fitzpatrick, um sistema que determina o fototipo de pele de uma pessoa com base em sua sensibilidade ao sol. Essa categorização abrange seis tipos, do mais claro ao mais escuro.
Quais são os riscos?
A exposição solar excessiva pode causar diferentes graus de queimaduras, cada um com sintomas e cuidados específicos:
1º grau: afeta a camada mais superficial da pele. Os sintomas incluem vermelhidão, dor, sensibilidade ao toque e descamação após alguns dias. O tratamento pode ser feito sem intervenção médica, com cremes hidratantes, compressas frias e ingestão de líquidos para evitar a desidratação;
2º grau: compromete a camada mais profunda. Seus sintomas são mais intensos, como vermelhidão acentuada, dor intensa, inchaço, descamação e bolhas, que podem levar a infecções e cicatrizes. O tratamento pode envolver antibióticos tópicos e hidratação intensa; em casos mais graves, é necessário acompanhamento médico;
3º grau: embora raro em queimaduras solares, pode ocorrer em exposições extremas. Os raios UV penetram atingem todas as camadas da pele, podendo comprometer tecidos internos. Esse quadro exige atendimento médico imediato, podendo requerer enxertos de pele e tratamento especializado.
Além das queimaduras, a exposição prolongada ao sol pode desencadear o surgimento de manchas, melasma, envelhecimento acelerado e aumento do risco de câncer de pele.
“O envelhecimento precoce ocorre porque a radiação UV penetra e provoca essa degradação na pele, resultando em rugas, flacidez e perda de elasticidade. Os raios solares causam dano no DNA das células da pele”, alertou o dermatologista.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o câncer de pele corresponde a 33% de todos os diagnósticos oncológicos no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, anualmente, cerca de 185 mil novos casos da doença.
Os três principais tipos de câncer de pele são:
• Carcinoma basocelular: mais comum e de baixa letalidade, com altas chances de cura quando detectado precocemente;
• Carcinoma espinocelular: segundo mais frequente, sendo duas vezes mais comum em homens do que em mulheres;
• Melanoma: o tipo mais agressivo, com maior risco de metástase e pior prognóstico.
Como se proteger adequadamente?
Especificamente para quem vai curtir o Carnaval em desfiles, blocos de rua, praia, sítios ou qualquer outro local, o Dr. Gustavo recomenda medidas eficazes para evitar danos causados pelo sol. A principal delas é o uso de protetor solar.
O ideal é escolher um filtro solar de amplo espectro, que proteja contra os raios UVA e UVB, preferencialmente com Fator de Proteção Solar (FPS) 30 ou superior. “Pessoas de pele muito clara ou com histórico de doenças dermatológicas, como câncer de pele ou melasma, devem optar por protetores com FPS 50 ou mais”, orienta.
Além disso, é fundamental reaplicar o produto a cada duas horas, especialmente em situações de transpiração intensa ou contato com água, já que a resistência dos filtros solares pode ser comprometida nessas condições.
Outras medidas de proteção incluem:
- Óculos escuros com lentes que bloqueiam os raios UV, protegendo os olhos e a área ao redor;
- Chapéus e bonés, que ajudam a reduzir a exposição direta ao rosto e ao couro cabeludo;
- Protetor labial com FPS 30 ou superior, essencial para evitar ressecamento e queimaduras nos lábios.
O dermatologista também diz que uma rotina de cuidados com a pele pode ajudar na prevenção de danos causados pelo sol.
“O uso de um sabonete facial adequado ao tipo de pele auxilia na remoção de resíduos, maquiagem e produtos usados no Carnaval, além de limpar os poros e manter a pele saudável”, concluiu.
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