Rodovia na Amazônia gera polêmica antes da COP30; saiba mais
Ambientalistas criticam impacto da obra, enquanto governo do Pará defende melhorias na mobilidade
14/03/2025 11h25
Uma nova rodovia de quatro faixas está sendo construída na Amazônia, ligando áreas da floresta protegida à capital paraense, Belém, que sediará a COP30 em novembro.
O Governo do Pará promove a via como uma solução para a mobilidade urbana, mas moradores e ambientalistas alertam para os impactos ambientais e sociais da obra, como informa a BBC News.
A estrada, de 13 km, corta uma região de vegetação densa e tem causado preocupação entre cientistas, que temem a fragmentação do ecossistema e a perda de habitat para a fauna local.
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Segundo a veterinária Silvia Sardinha, especialista em vida silvestre, a construção compromete a reintegração de animais resgatados na floresta e reduz áreas de reprodução. Moradores também se queixam dos impactos sociais. Cláudio Verequete, que morava e trabalhava na região colhendo açaí, diz que perdeu sua fonte de renda com a retirada das árvores e que teme futuras desapropriações.
Por outro lado, comerciantes enxergam oportunidades econômicas na revitalização da cidade e na chegada de milhares de visitantes para o evento. Obras de infraestrutura, como a ampliação do aeroporto e a construção de um parque urbano, também estão em andamento. O governo estadual reforça que a estrada contará com ciclovias, iluminação solar e passagens para a fauna, além de afirmar que a via não faz parte do pacote de investimentos para a COP30 e que o projeto já era planejado antes da escolha de Belém como sede da conferência.
Posicionamento do Governo do Pará
A obra da Avenida Liberdade não está derrubando a floresta, não envolve a retirada de moradores e não faz parte do pacote de investimentos federais e estaduais para a COP 30. O rito de licenciamento ambiental foi rigorosamente cumprido, inclusive com audiências públicas para ouvir as comunidades e discutir mitigação de riscos, que condicionam todo o licenciamento.
As comunidades estão sendo beneficiadas com infraestrutura e serviços que vão resultar em melhora da qualidade de vida. A avenida é um projeto antigo e está sendo construída em uma área já antropizada, por onde passa um linhão de energia. O traçado segue justamente a faixa onde a vegetação foi anteriormente suprimida.
O Governo do Pará está implementando diversas soluções estratégicas para assegurar a sustentabilidade da via, incluindo a construção de ciclovias, a utilização de energia solar para sua iluminação e a implantação de 34 passagens de vida silvestre ao longo do percurso para permitir o livre tráfego da fauna local.
A avenida de cerca de 13 km é uma importante obra de mobilidade para a Região Metropolitana de Belém, vai beneficiar mais de 2 milhões de pessoas e foi licitada antes mesmo de Belém ser definida como sede da conferência. Esse projeto não faz parte do pacote de investimentos para a COP, que contempla cerca de 30 obras estruturantes desenvolvidas pelo governo do Estado.
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