Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), participou nesta terça-feira (22) de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O encontro faz parte do calendário obrigatório de comparecimentos da autoridade monetária à Casa, como determina o regimento interno, que prevê audiências nos meses de fevereiro, abril, julho e outubro.
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Durante a sessão, Galípolo apresentou as diretrizes, a implementação e as perspectivas da política monetária. Em tom didático, comparou o papel do BC ao de ser "o chato da festa", responsável por retirar a bebida — ou seja, subir os juros — quando a economia se aquece demais, e incentivar a permanência quando a atividade esfria, com redução da taxa.
O dirigente explicou que o Banco Central precisa ajustar os juros para cumprir a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que, para 2025, é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,48% em 12 meses até março, cenário que exige vigilância reforçada.
Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, após sucessivas altas promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar do patamar elevado, Galípolo alertou que a economia brasileira segue aquecida, com pleno emprego, aumento da renda e expansão em setores como construção civil e venda de veículos, indicando que a política monetária enfrenta obstáculos em sua transmissão para a atividade econômica.
O presidente do BC ainda destacou que parte da pressão inflacionária vem do câmbio. Segundo ele, cerca de 60% dos custos da produção agropecuária estão atrelados diretamente ou indiretamente à taxa de câmbio, e uma depreciação de 10% pode elevar a inflação dos alimentos em até 1,4 ponto percentual.
Sobre o cenário externo, apontou que as tensões comerciais provocadas pelo "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos Donald Trump têm aumentado as incertezas e impactado o mercado. Inicialmente vistas como pró-mercado, as medidas passaram a ser encaradas como fatores de risco para a desaceleração econômica, afetando as expectativas globais.
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