Uma bandeira usada por manifestantes nos atos pró-Bolsonaro do último domingo (31) em São Paulo foi apontada pela PM como estopim do confronto entre o grupo bolsonarista e os torcedores que protestavam a favor da democracia: trata-se da versão rubro-negra da bandeira da Ucrânia, conhecida por representar um grupo de extrema-direita.

A bandeira é associada ao Pravyi Sektor (Setor Direito), uma organização paramilitar ucraniana ultranacionalista que se transformou em partido político em 2014. O movimento é frequentemente associado a ideias neonazistas.

Em nota, a embaixada da Ucrânia no Brasil negou qualquer ligação da bandeira ao nazismo: "A bandeira rubro-negra simboliza a nossa terra e o sangue de nossos heróis derramado por Liberdade, Independência e Soberania da Ucrânia. Essa bandeira foi usada desde o século XVI pelos cossacos ucranianos nas lutas contra invasores estrangeiros, e por isso durante o século passado e no começo do século XXI virou o símbolo de luta dos ucranianos contra ocupação, chovinismo e imperialismo russos".

Para o historiador Jaime Pinsky, a inspiração no grupo ucraniano pode significar um perigo para as instituições brasileiras. "Não é errado dizer que quando um grupo bolsonarista refere-se a 'ucranizar' o país, e carrega a bandeira do partido direitista ucranianio, eles querem simplesmente promover uma guinada à direita. Mas não seria errado supor que eles têm a intenção de destruir poderes da República, algo promovido pelo grupo ucraniano em 2014", afirma.

A bandeira vermelha e preta já havia sido fotografada em outra manifestação bolsonarista, pendurada num trio elétrico. No protesto deste domingo, manifestantes também carregaram a bandeira nacional da Ucrânia, amarela e azul.