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Os investimentos com retorno prefixado são a bola da vez? Conheça os riscos e oportunidades

Em outros tempos, uma promessa de retorno de 120% do CDI podia ser considerada espetacular.


05/07/2020 19h38

Em outros tempos, uma promessa de retorno de 120% do CDI podia ser considerada espetacular. De fato, quando a taxa Selic (que referencia o CDI) estava na casa dos dois dígitos, esse rendimento contratado fazia a alegria de muitos investidores. Hoje, com a Selic em 2,25%, 120% do CDI é um retorno insuficiente até para cobrir a inflação projetada para os próximos 12 meses, que deve ser de 3%.

Se o horizonte de curto prazo é de um CDI baixo, como tornar os títulos de renda fixa atrativos? Emissores estão ampliando o rendimento de títulos como CDBs, LCIs, LCAs e debêntures, e oferecendo mais opções prefixadas.

“Com os juros mais baixos, percebemos que os clientes têm migrado as carteiras para ativos com prêmio de crédito ou com maior risco. As alocações em títulos privados aumentaram, e curvas das taxas de rendimento abriram muito nesses últimos meses”, diz David Rocha, analista da corretora Guide Investimentos.

Mas o que são títulos prefixados? Existem dois tipos de títulos prefixados. O primeiro é puramente prefixado: o emissor combina uma taxa determinada e paga aquela taxa no vencimento do título. O segundo tipo são títulos que calculam o retorno pela variação de um indicador + um bônus fixo e predeterminado. Esse indicador pode ser a inflação (IPCA ou IGPM) ou a taxa Selic.

Alguns exemplos de títulos puramente prefixados que estão sendo negociados no mercado atualmente:

  • CDB do Banco Arbi com vencimento em 1 ano: rendimento de 4,05% ao ano;
  • CDB do Banco Máxima com vencimento em 2 anos: rendimento de 7% ao ano;
  • LCI do Banco ABC com vencimento em 2 anos: rendimento de 5,52% ao ano;
  • LCA do Banco BTG com vencimento em 1 ano: rendimento de 2,55% ao ano.

Agora veja alguns exemplos de títulos que têm a remuneração composta por um indicador somado a um bônus:

  • LCA do Banco Original com vencimento em 11 meses: rendimento de IPCA + 2,32% ao ano;
  • Debênture da CEMIG com vencimento em 20 meses: rendimento de IPCA + 3,35% ao ano;
  • CDB do Banco Bari com vencimento em 3 anos: rendimento de IPCA + 3,45% ao ano;
  • LCI do Banco Inter com vencimento em 3 anos: rendimento de IPCA + 1,18% ao ano.

Qual a vantagem de aplicar em um título prefixado? Os impactos da pandemia do coronavírus na economia ainda são incertos, mas há expectativa de que os juros caiam ainda mais e que a inflação permaneça baixa nos próximos meses. Isso significa que o retorno da renda fixa, que já está baixo, pode cair mais.

Contratar um título de rendimento prefixado torna a rentabilidade da carteira 100% previsível e estável, o que pode ser um bom negócio em momento de tamanha incerteza.

E tem algum risco? Sim. Já vamos falar sobre o risco dos títulos em si, mas antes é importante dizer que nem sempre a estabilidade é uma boa ideia. Apostar em um título prefixado de vencimento mais longo, acima de 2 anos, pode ser arriscado. Se os juros ou se a inflação subirem os títulos indexados podem voltar a render mais, e o investidor pode acabar com um mico na mão.

Além disso, é importante observar as garantias e a solidez das instituições emissoras. CDBs, LCIs e LCAs, por exemplo, são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Isso significa que caso a instituição que emite esses títulos vá à falência, o FGC garantirá a restituição de até R$ 250 mil por investidor.

Já as debêntures não possuem a cobertura do FGC, e por isso são consideradas maior risco. Aliás, esses títulos são emitidos por empresas de diversos segmentos, e não só do mercado financeiro. A pandemia do coronavírus aumentou o risco de falência de boa parte do setor privado, e por isso a relação de risco das debêntures é maior, o que explica também a ampliação do retorno prometido — quanto mais risco, maior tende a ser a promessa de retorno.

Como avaliar a solidez do emissor? No caso dos emissores que fazem parte do sistema financeiro, existe um indicador próprio para medir quão saudável está esse banco ou instituição financeira. Trata-se do índice de Basileia, que é apresentado em um valor percentual. Quanto maior o percentual do índice de Basileia, mais sólido é o banco. No Brasil, esse índice deve ser de no mínimo 11,5%, para os grandes bancos, e de 10,5%, para os bancos pequenos e médios.

Para conferir qual o índice de basileia do emissor de um título, o investidor pode dar uma olhada em portais de comparação como o Yubb.

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