Coluna Adriana de Barros

Em Carnaval atípico, Acadêmicos do Baixo Augusta reforça importância da representatividade

Tema Vai Passar chega forte ao centro da cidade com todo mundo junto e misturado


25/04/2022 18h14

Não precisamos mais falar sobre a realeza Alessandra Negrini que tem seu posto de mais de uma década como rainha do Acadêmicos Baixo Augusta. Esse lugar é dela e ninguém tasca. Neste Carnaval atípico, o bloco Acadêmicos Baixo Augusta reforça sua importância para São Paulo e diz como a democracia, o respeito e a representatividade devem ser celebradas. E o lugar disso tudo é na rua, lugar favorito dos foliões que ficaram impedidos de circular durante a pandemia.

Entoando clássicos da música brasileira que passou pela MPB, axé, pop, rock e sertanejo, cerca de 20 mil pessoas tomaram o Vale do Anhangabaú, neste domingo (24) como um grito de liberdade e resistência.

Sob comando de Ale Youssef e Ale Natacci, o maior bloco da cidade, abriu as atividades no início da tarde reverenciando os mais de 600 mil mortos pela pandemia. Carol Bueno, uma das fundadoras da agremiação, que morreu aos 46 anos vítima de um tumor, foi celebrada durante do todo evento. Assim como Marinho, também ligado à agremiação, vitimado pelo coronavírus.

Alê Youssef e Ale Natacci 
Foto: Silvana Garzaro/Blog do Arcanjo

Como o show tem que continuar, o Baixo Augusta escolheu o tema Vai Passar, uma alusão a música de Chico Buarque, feita em tempos de ditadura, que representa a esperança e resitência. "Esse desgoverno vai passar", falou no Ale Youssef no microfone do trio, ex-secretário de Cultura da capital paulista.

A cantora Mariana Aydar com seu Bloco Forrozin celebrou o nordeste interpretando hinos de Daniela Mercury e outros sucessos da axé music. No final da apresentação viu o público demonstrar a saudade da rua enquanto cantava “Frevo Mulher, de Amelinha. Aydar dividiu seu microfone com o pernambucano Junio Barreto.

A banda Baixo Augusta, liderada por Simoninha, ao lado dos incríveis intérpretes Patricia Secchis e Hevelson Oliveira manteve a animação da multidão que, no intervalo de uma música ou outra, gritavam "olê olê olê olá, Lula Lula", em apoio ao ex-presidente.

A cantora Ana Cañas, em uma única canção e num dos momentos altos da folia, emocionou os presentes com sua releitura de "Como Nossos Pais", canção de 1976, de Belchior (1946-2017). O encerramento do retorno do Baixo Augusta ficou nas mãos do Vai-Vai, escola de samba do Bexiga, que levou ao Anhembi o enredo Sankofa.

Rainha Elizabeth II, Rainha dos Espelhos e Abaporu

Marcia Dailyn de Abaporu, Walério Araújo de Rainha Elizabeth II e Divina Nubia de Tarsila do Amaral
Foto: Silvana Garzaro/Blog do Arcanjo

A rainha Alessandra Negrini chegou minutos antes do bloco começar, acompanhada por seguranças, vestida de Rainha dos Espelhos. "Este período de trevas vai passar" e "Vai Curintia", foram algumas da manifestações da atriz com o público. Ela deixou o local no final do evento, vestida de shorts e camiseta preta.

Totalmente irreconhecível, o estilista Walério Araújo era notado por onde passava pela caracterização de Rainha Elizabeth II. Já Marcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo e diva da Cia. de Teatro Os Satyros, brilhou com a fantasia Abaporu, criada por Walério Araújo.

Adriana de Barros é apresentadora do programa Mistura Cultural nas mídias digitais da TV Cultura e da Rádio Cultura Brasil, editora do portal da TV Cultura, jurada de música da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo) e jurada de música do Prêmio Arcanjo de Cultura.

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