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Uma nova rede social baseada em voz atrai bilionários como Elon Musk e se torna fenômeno na internet, o difícil é ser convidado para participar

A ideia é relativamente simples, uma rede social onde as pessoas ao redor do mundo entram e podem ouvir conversas em salas com até 5 mil pessoas. Ao se conectar, você escolhe algum dos milhares de chats e pode acompanhar algum bate-papo que esteja acontecendo.

Por enquanto, o app tem sua grande maioria de sua audiência nos Estados Unidos e limita a entrada de novos usuários. Receber um convite para participar é extremamente difícil, mas a plataforma garante que está trabalhando para adicionar novos usuários. Mas isso não impediu que nomes como Elon Musk se tornassem fenômeno no Clubhouse.

O auge do Clubhouse aconteceu semana passada, quando Musk entrou em um chat e rapidamente os 5 mil lugares da sala lotaram. Logo uma nova sala abriu na plataforma transmitindo o conteúdo da primeira sala e também lotou. Logo uma terceira abriu e lotou rapidamente.

Musk não é exatamente um recluso - dá entrevistas para diversos veículos tradicionais de mídia como a NBC - mas sua estreia no Clubhouse valida a empresa, que tem menos de um ano de vida, e a ideia de streaming de áudio interativo ao vivo.

A aparição de Musk deu origem a discussões pré-show, reviews pós-show e, em pelo menos um caso, um sorteio em dinheiro patrocinado pela Square, app de pagamentos.

Musk apareceu no “The Good Time Show”, um show noturno no ar há três semanas, organizado por Sriram Krishnan e Aarthi Ramamurthy. Um casal conhecido no Vale do Silício com passagens por gigantes de tecnologia como o Facebook. Por sinal, a plataforma tem cada vez mais se tornado uma maneira de personalidades como Musk driblarem o escrutínio da imprensa tradicional e atingirem diretamente seu público, garantindo um tom mais otimista ao conteúdo.

Em sua aparição, Musk entrevistou Vlad Tenev, CEO da Robinhood, corretora que na mesma data estava sendo criticada pela mídia tradicional por impedir usuários de comprar ações na plataforma. E o maior investidor da Clubhouse é o fundo de venture capital a16z, que também investe na Robinhood. O que para muitos expõe um potencial conflito de interesses.

O Clubhouse já é avaliado em mais de US$ 1 bilhão e em dezembro passado tinha 600 mil usuários.

Evolução dos podcasts

Mas questões comerciais à parte, o fato é que o Clubhouse está reinventando o consumo de informação por voz e criando um elemento social em torno dele. O que já começa a ser chamado de “a evolução do podcast”.

“Os podcasts não se prestam facilmente a uma abordagem do tipo faça você mesmo. É difícil gravar áudio puro; é ainda mais tedioso de editar. E o mercado de podcast agora é robusto o suficiente para que haja quase certamente vários podcasts gravados profissionalmente, hospedados por celebridades em seu campo, que seriam mais divertidos de ouvir do que qualquer projeto faça você mesmo”, escreve Casey Newton no Platformer.

Se por um lado o Clubhouse não apresenta a mesma qualidade de áudio dos podcasts, parece mais uma ligação telefônica visto que o app literalmente fica no seu telefone, a qualidade de áudio medíocre não incomoda tanto. E como a conversa é ao vivo, você fica menos sensível ao fato de que ela não foi editada.

Ainda segundo Newton, “como a aparição de Musk destacou, há uma casualidade no Clubhouse que o torna atraente”. A parte mais interessante de sua palestra não foi a primeira meia hora onde respondeu perguntas fáceis sobre Marte e memes, mas depois, quando Musk convidou o CEO da Robinhood para a conversa. E um bilionário interrogando outro bilionário, é notícia e atrai audiência em qualquer lugar.

Quem produz podcasts sabe a dificuldade que é organizar a agenda de convidados. Ou a dificuldade de fazer gravações à distância por meio da internet, com variações de qualidade de som e ruídos em geral. O Clubhouse resolve esses problemas, porque os encontros não raro são movidos por um fator “sorte” de alguém que querer entrar e ser aceito na conversa.

Potencial para influenciadores

O aplicativo também está testando um “Programa Piloto de Criadores”, apenas para convidados, com cerca de 40 influenciadores do Clubhouse. Até agora, eles têm prometido reuniões regulares com um dos fundadores do Clubhouse e acesso antecipado a ferramentas especiais projetadas para usuários avançados.

É natural que a plataforma gradualmente se profissionalize. Por hora o Clubhouse é um cruzamento entre uma festa em casa e uma conferência repleta de estrelas. Você pode estar em uma “sala” conversando sobre culinária ou praticando árabe com outras pessoas. Ou você pode estar em uma sala com Oprah Winfrey ou Elon Musk. Há investidores, artistas, empresários e até políticos. A pandemia de Covid-19 mudou muitas coisas, inclusive as redes sociais e os podcasts.

Guilherme Ravache é consultor digital e colunista. Publica regularmente artigos sobre inovação e mídia na MIT Technology Review Brasil, Notícias da TV e Jornal do Commercio (JC). Jornalista com passagens pelas redações da Folha de S. Paulo, Revista Época e Editora Caras. Foi diretor de atendimento da Ideal H+K Strategies e gerente sênior de comunicação e marketing de relacionamento da Diageo.