Fundação Padre Anchieta

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Há mais de duas décadas, li “Desvendando os Quadrinhos”, de Scott McCloud. Baita livro. Entre muitas outras coisas, previa que a internet iria alterar a maneira como lemos e fazemos HQs. A rede internacional estava começando a se popularizar e ainda havia muito a aprender, tanto para usuários quanto para artistas. O autor se perguntava: sem os limites impostos pela página impressa, até onde vai a imaginação do artista?

McCloud estava correto. E, 20 anos depois, ainda há muito a se desenvolver – na criação e na leitura dos quadrinhos. Mas tenho notado, aqui e ali, artistas que veem os limites impostos pelos formatos tradicionais de quadrinhos (como a página impressa) e conseguem inovar não apesar deles, mas a partir deles.

Vou citar dois exemplos brasileiros.

Li recentemente “CWB”, de José Aguiar. O autor homenageia sua cidade-natal, Curitiba, com um livro que passa por muitos pontos da cidade, sejam eles turísticos ou importantes para a história local (ou ambos, claro). Há ainda divertidas “participações especiais” de vários personagens de artistas locais, como Amok (do Bennett), Maria Erótica (do Cláudio Seto), Amely (de Prsycila Vieira) e muitos outros.

Mas “CWB” vai além do conteúdo interessante. A maneira de ler é muito original. Não vou falar aqui para não estragar, mas você já começa com estranhamento. Aos poucos, vai percebendo pistas (atenção à numeração das páginas!) e, quando acaba, pensa: “Uau! Vou ter de ler de novo!”. Ousado, criativo, experimental.

O gaúcho Rafael Sica também mistura talento com criatividade. Seu livro “Fachadas”, por exemplo, te surpreende já ao abrir: é uma encadernação do tipo sanfona. E a história em si... Bom, vou dizer apenas que a única protagonista é uma rua, retratada pelas fachadas de suas casas, em uma HQ sem palavras. Em “Tobogã”, Sica apresenta outra narrativa silenciosa –desta vez, o protagonista é um rio.

Sica não inova apenas no formato físico. Há alguns dias, o negro João Alberto Silveira Freitas, conhecido como Beto, foi espancado até a morte por seguranças do Carrefour. Em seu perfil no Instagram, o gaúcho publicou a seguinte história:

McCloud tem razão: há muito a ser inovado quando pensamos em quadrinhos criados diretamente para a internet. Há exemplos de interação (o protagonista faz isso ou aquilo?); de rolagem (vertical ou horizontal) que parece ser infinita; de personagens cujas histórias são ampliadas por meio de seus perfis nas redes sociais. E fico feliz quando vejo a reinvenção dos quadrinhos, seja ela online ou offline. Tomara que José Aguiar e Rafael Sica continuem nos surpreendendo.