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Na semana passada, perdemos o multitalentoso artista norte-americano Jules Feiffer, aos 95 anos. Feiffer trabalhou com quadrinhos, cartuns & charges, ilustrações, teatro, cinema... e brilhou em todos.

A frase acima parece um deslumbramento típico de obituários, mas não é. Ele ganhou o primeiro prêmio relevante em 1961, e mais de seis décadas depois, continuava ganhando – repare que tem um Oscar e um Pulitzer aí pela frente.

Vamos por partes:

Quadrinhos: foi por onde eu o conheci, mas não é na área em que ficou mais famoso (este é o próximo item); em 2004, foi incluído no Hall da Fama do Eisner Awards, maior premiação norte-americana para HQs;

Cartuns e charges: onde obteve seu maior reconhecimento, fosse descrevendo os indivíduos problemáticos ao seu redor, fosse criticando o cenário político americano; foram muitos prêmios, mas destaco aqui o George Polk Award de 1961, por seus cartuns, e, mais de duas décadas depois, o Pulitzer de 1986 pelos “political cartoons” (categoria que pode ser traduzida como charges);

Ilustrações: trabalhou embelezando um monte de livros, indo de obras infantis (como “Tudo depende de como você vê as coisas”) a profundos trabalhos de não ficção (“Os Sete de Chicago: O Extraordinário Julgamento da Conspiração de Chicago”); não achei um prêmio específico desta área, mas a inclusão, em 1995, na Academia Americana de Artes e Letras, passa por aí;

Teatro: em 1969 e 70, ganhou prêmios por suas peças “Little Murders” e “The White House Murder Case”, respectivamente; mais recentemente, foi laureado pelo conjunto da obra pela associação de profissionais de teatro dos EUA, o Lifetime Achievement Award da Dramatists Guild of America (2023);

Cinema: um Oscar pelo curta “Munro” (1961).

    Quanto mais leio Jules Feiffer, mais percebo que ainda não li o suficiente. Em parte, acredito, por ele ter sido pouco publicado no Brasil – ao menos, recentemente. Uma busca simples na Amazon mostra, disponíveis, apenas nove obras dele em português. Parece muito, mas no Goodreads vi que mais de 130 obras dele (!) estão avaliadas – confesso que não sei se há itens repetidos, como o mesmo publicado em idiomas diferentes.

    De qualquer maneira, temos alguns bons exemplos de trabalho dele por aqui, como a inteligente graphic novel de suspense policial “Mate Minha Mãe”, mas tem muita coisa bacana de fora.

    Eu adoraria ver “Out of Line: The Art of Jules Feiffer”, com amostras de seu brilhante trabalho como ilustrador; o roteiro do ótimo filme “Ânsia de Amar” (no original, “Carnal Knowledge”), estrelado pelo sempre carismático Jack Nicholson; “Amazing Grapes”, lançado no ano passado, que traz sua estreia de obras voltadas para “young readers” (crianças entre 8 e 12 anos); e o livro se não-ficção “The Great Comic Book Heroes”, lançado em 1965, com reflexões sobre personagens icônicos dos quadrinhos como Batman, Mulher-Maravilha, Superman e Spirit.

    Quanto mais leio Jules Feiffer, mais percebo que ainda não foi publicado o suficiente por aqui. Fico na torcida.

    Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.