Próximo sábado, dia 8, é Dia Internacional da Mulher. Data importante, que ganha cada vez mais relevância em um mundo que às vezes parece retroceder em suas mais significativas conquistas.
Esta é uma coluna sobre quadrinhos, e nós, fãs da nona arte, não temos tido do que nos queixar. O Brasil tem ótimas representantes: Helô D’Angelo, Carol Ito, Laerte etc. E ainda há muito mais por descobrirmos, claro. Por isso, listo abaixo obras de quadrinistas estrangeiras ainda inéditas por aqui.
“George Sand: Fille du siècle”, de Séverine Vidal e Kim Consigny

A francesa George Sand (1804-76) é um dos grandes nomes da literatura francesa, autora de contos, peças de teatro e romances – talvez “Indiana” e “François, o Bastardo” figurem entre suas obras mais famosas. Ativista que batalhou pelos direitos das mulheres, sua própria vida é digna de nota. Não à toa, suas compatriotas Séverine Vidal (roteiro) e Kim Consigny (ilustrações) lançaram em 2021 “George Sand: Fille du siècle”, uma biografia em quadrinhos de Geroge Sand. Séverine Vidal, aliás, gostou tanto de escrever sobre ela lançou no ano seguinte o romance “George Sand, L'indomptée”.
“For Better or For Worse”, de Lynn Johnston

A canadense Lynn Johnston criou uma HQ diária que mostra o cotidiano de uma família (os Patterson) e seus amigos em um bairro no subúrbio de Toronto. É uma tira humana, engraçada e sensível sobre estas pessoas, comuns como eu e você. Fora do comum é o talento de Lynn Johnston, que conseguiu manter a tira por três décadas, amealhando prêmios como o Reuben Award (da Sociedade de Cartunistas dos EUA) – aliás, foi a primeira mulher a conseguir a honraria deste tradicional prêmio criado em 1954.
“Kessakusen”, Riyoko Ikeda

A japonesa Riyoko Ikeda já foi publicada no Brasil: é dela a “Rosa de Versalhes”, drama histórico ambientado na Revolução Francesa que se tornou um marco na história dos mangás. Mas e os outros trabalhos dela? Riyoko Ikeda é uma artista prolífica com mais de quatro décadas de carreira. Uma maneira de termos acesso a outros trabalhos dela seria por “Kessakusen”, antologia que reúne algumas de suas histórias curtas.
“Anzuelo”, de Emma Ríos

A espanhola Emma Ríos tem um histórico de sucesso publicando nos EUA, seja trabalhando para a Marvel (o que lhe rendeu algumas indicações ao Eisner Awards, inclusive uma vitória como melhor capista) ou na série autoral de faroeste & terror “Pretty Deadly”, cocriado com Kelly Sue DeConnick. Mas seu trabalho que mais me atrai é o mais autoral – e recente: “Anzuelo”, uma graphic novel lindamente pintada com aquarela centrada em três crianças e suas transformações.
“Zeca Afonso – Balada do Desterro”, de Teresa Moure e Maria João Worm

Abri esta lista com uma biografia e vou encerrar com outra – ou algo parecido, como veremos adiante. O músico português Zeca Afonso é um gigante na arte do seu país, autor da pérola “Grândola, Vila Morena”, canção intimamente ligada à Revolução dos Cravos. A espanhola Teresa Moure e a lusa Maria João Worm encarregaram-se de narrar sua vida em quadrinhos, e assim nasceu “Zeca Afonso – Balada do Desterro”. Trata-se de uma obra tão pouco convencional que o jornal português “Expresso” a descreveu em um artigo com o seguinte título “Uma não biografia de Zeca Afonso: Teresa Moure escreve e Maria João Worm desenha”. Se eu já estava curioso para ler, fiquei ainda mais.
REDES SOCIAIS