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Já saiu o primeiro trailer do próximo filme do Esquadrão Suicida – ótimo, aliás. Este supergrupo não tão famoso da DC Comics tem uma história peculiar nos quadrinhos, com direito a uma ótima fase – porém, com algumas peculiaridades que a tornam difícil de ser adaptado para outras mídias.

O Esquadrão Suicida surgiu nos anos 50. Eram quatro pessoas, sem poderes ou uniformes, envolvidos em missões especiais – normalmente, derrotar monstros gigantes. Há até uma viagem a outra dimensão, habitada por dinossauros gigantes que falam e agem como humanos. Não era um conceito exatamente original, mas aventuras fantásticas com elementos da ficção científica e do terror dos anos 50 e 60. A equipe nunca se destacou a ponto de ter sua própria revista.

A fase ótima, que redefiniu o grupo e é a base para os dois filmes, surgiu três décadas depois, em 1987. Após 28 anos, o Esquadrão Suicida ganhou seu próprio título mensal, que surgiu em um momento e que a DC Comics havia zerado todas as suas revistas e dado um novo início para tudo. Assim, os leitores puderam acompanhar as primeiras aventuras de heróis famosos, como Superman e Batman, e também serem apresentados a novos conceitos. É aí que surgiu o novo Esquadrão Suicida.

Tinha superpoderes? Sim. Identidades secretas? Sim. Codinomes fantasiosos? Sim. Mas não eram super-heróis. A premissa da revista era: o governo dos Estados Unidos precisava de uma equipe superpoderosa para missões imorais ou muito perigosas. Por exemplo: eles não enviariam Superman e Batman em uma missão para derrubar um líder de outro país. Primeiro, porque eles não topariam. Segundo, porque criaria um incidente diplomático. O que fazer?

No universo DC, há uma divisão secreta dentro do governo americano justamente para essas missões imorais, perigosas ou ambas: a Força Tarefa X, comandada por uma mulher durona, Amanda Waller. Já que não pode recrutar a Liga da Justiça para, por exemplo, invadir a então União Soviética e tirar uma ativista política da cadeia (e do país) ou atacar uma organização tida como terrorista de uma nação árabe, Waller passou a recorrer a um expediente para lá de arriscado: usar supervilões.

A equipe criativa da revista mensal, John Ostrander (roteiro) e Luke McDonnell (arte), criou poucos personagens para a revista mensal do novo Esquadrão Suicida. Preferiu recrutar vilões pequenos que já existiam na mitologia da editora. O Capitão Bumerangue era inimigo do Flash; Pistoleiro, do Batman; Verme Mental, do Nuclear... E por aí vai.

As missões eram criativas e com inúmeros questionamentos morais. Mais: como confiar que supervilões notórios vão cumprir a ordem e não te trair? Na maioria dos casos, Waller mandava colocar braceletes explosivos nos braços dos membros da equipe. Se alguém tentasse fugir ou trair o grupo, bum!, o bracelete explodia e causava sérias lesões.

Mas estamos falando de supervilões, gente com superpoderes: um mero bracelete nem sempre os vai impedir de tentar. Soma-se a isso o alto nível de perigo em cada missão e teremos uma equipe em que, em média, um membro morre a cada aventura. Em uma das primeiras missões do Esquadrão, ambientada na América Central, apenas um dos cinco enviados sobrevive.

A equipe criativa da revista conseguiu criar, mensalmente, um ritmo incrível de histórias que misturavam muita ação e politicagem – como a Força Tarefa X era secreta, Waller também tinha de lidar com políticos poderosos querendo a manipular para seus próprios interesses.

Ostrander e McDonnell desenvolveram personagens cativantes, não necessariamente criada por eles, mas definitivamente aprimorados pela dupla. É o caso do depressivo e amoral Pistoleiro, com seu próprio senso de justiça; o perturbado Rick Flag; a heroína Víxen, ex membro da Liga da Justiça, que se juntou ao grupo devido a um forte sentimento de culpa...

Essa fase do Esquadrão Suicida foi incrível. Porém, difícil de ser adaptada. Há uma rotatividade grande entre os membros, até porque muitos morrem. Mais do que isso, são missões curtas, levemente malucas e profundas. Um longa-metragem, em tese, focaria apenas em uma missão do grupo, o que já tiraria parte do apelo, e dificilmente daria profundidade a tantos personagens ao mesmo tempo, como uma revista mensal consegue fazer após dezenas de edições.

Um seriado, por sua vez, poderia ser bem mais interessante: uma nova missão sendo abordada a cada dois ou três episódios, os personagens sendo apresentados e aprofundados...

O primeiro filme foi, me perdoe a franqueza, muito ruim. A missão era besta. Muitos personagens foram apresentados ao mesmo tempo. Aliás, houve um desperdício de bons personagens: o Coringa ficou caricato e bobo, assim como o Capitão Bumerangue, o Pistoleiro e a Encantadora. A exceção foi a Arlequina de Margot Robbie.

Para o filme deste ano, estou bem otimista. O diretor James Gunn fez um ótimo trabalho nos dois primeiros filmes dos Guardiões da Galáxia. O trailer dá a entender que teremos belas cenas de ação com boas pitadas de humor, especialmente com a Arlequina (Margot Robbie de novo) e o Tubarão-Rei de Sylvester Stallone.

Esquadrão Suicida é um conceito difícil de ser adaptado, mas apostaria que Gunn está fazendo um ótimo trabalho. E continuo torcendo para, um dia, virar um seriado.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.