Todo mundo faz pedidos para o Papai Noel, certo? Os meus envolvem que quadrinhos que adoro sejam publicados aqui no Brasil – aliás, um deles, que estaria nesta lista, já teve seu vindouro lançamento anunciado no final do ano passado: “Little Nemo”, de Winsor McCay.
A minha listinha de hoje é eclética: temos mangá, quadrinho de África, banda desenhada europeia e HQ norte-americana de super-herói e não de super-herói. Se um deles vier, já ficarei feliz! Nunca te pedi nada, Papai Noel... (Mentira, pedi sim!)
“Ashita no Joe”, de Ikki Kajiwara e Tetsuya Chiba
A bibliografia brasileira sobre mangás o chama de “Joe do Amanhã” - trata-se de um clássico publicado no Japão há mais de cinco décadas. “Ashita no Joe” narra a vida de Joe Yabuki, um rapaz briguento que é direcionado a aproveitar sua energia para algo muito mais produtivo: o boxe. Um clássico dramático e cheio de ação, com uma marcante última luta, no capítulo que encerra a série.
“Blake et Mortimer”, de Edgar Pierre Jacobs
Outro quadrinho clássico, mas este europeu. Jacobs, que trabalhou com muito tempo com Hergé nas histórias do Tintim, investiu em uma série totalmente criada por ele. O resultado foram as aventuras dos amigos Philip Mortimer (cientista) e Francis Blake (espião). Os mistérios começam aparentemente pequenos, mas a avantajada imaginação de Jacobs vai se desdobrando e nos guiando por caminhos inesperados.
“Lunarbaboon”, de Christopher Grady
Uma tira ao redor de um núcleo familiar: pai, mãe e filho. Ainda dá para inovar a partir de um conceito tão cotidiano quanto este? Sim, e muito! São histórias curtas, levemente engraçadas, quase sempre filosóficas, sobre pequenos atos do cotidiano: a importância de ser educado, a dificuldade em dizer “não”, a força da gentileza. Não se deixe enganar pela minha descrição simplista. Não se trata de uma tira doutrinária: é um quadrinho de qualidade, denso, doce e suave na medida certa.
“Madam and Eve”, de Stephen Francis e Rico
Há dois anos, escrevi no site Hábito de Quadrinhos (primo-irmão desta coluna) uma série sobre “Quadrinistas Maravilhosos”: os meus 15 artistas favoritos no mundo. A dupla sul-africana Stephen Francis & Rico estava lá, graças à sua tira “Madam and Eve” (“Madame e Eve”, em português).
A HQ narra o cotidiano de uma rica senhora branca sul-africana (a “madame” do título) e sua faxineira negra (Eve). É um retrato, muito crítico e engraçado, da sociedade sul-africana pós-apartheid. Ao mesmo tempo, é universal. Qualquer brasileiro que a ler há de refletir: “será que às vezes sou assim e não percebo?”; “é assim que trato faxineiras, motoristas e caixas de supermercado?”; “acho que já vi racismo deste tipo no meu cotidiano...”.
“Starman”, de James Robinson e vários artistas
O período entre o final dos anos 30 e o início dos 40 ficou conhecido como a Era de Ouro dos Super-Heróis. Foi aí que surgiram Superman, Batman, Mulher-Maravilha, Capitão América, Sociedade da Justiça, Lanterna Verde, Flash, Starman... Starquem?
Embora não seja tão famoso quanto seus contemporâneos, Starman teve lá sua importância na DC Comics – e depois caiu no ostracismo. Mas, em 1994, o escritor James Robinson assumiu a revista mensal do personagem a partir do número 1. Criou um filho para o Starman original, herdeiro do seu manto, e nos brindou com 81 edições de ótimos quadrinhos, com muita aventura, drama e, de modo magnífico, nostalgia: foram seguidas homenagens aos mais de 50 anos (não contínuos) de histórias de Starman que o precederam, colocados de uma maneira que não atrapalhasse o ritmo da história.
Para ser justo, o início desta saga saiu no Brasil em duas ocasiões. Mas nunca tivemos o prazer de a ler até o fim.
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