João Ramirez

As lives como remédio para o tédio


13/01/2021 18h01

Em 2020, as lives foram a salvação para milhões de pessoas que, de outra forma, teriam enlouquecido durante o distanciamento social.

A febre começou logo após o início da pandemia, com artistas encontrando nos palcos virtuais uma oportunidade de manter o contato com seus fãs.

Em abril, Marília Mendonça fez um show ao vivo direto de sua casa e atingiu 3.2 milhões de expectadores simultâneos no YouTube, rivalizando com a audiência da TV aberta durante 4 horas de música e bate-papo.

Bruno e Marrone, Jorge e Matheus, Gusttavo Lima, Zé Neto e Cristiano, Alok, Wesley Safadão, Ivete Sangalo, Anitta, Thiaguinho, Péricles e até a dupla Sandy e Junior fizeram lives com milhões de espectadores.

Teresa Cristina, sambista do Rio de Janeiro e menos conhecida do grande público que os sertanejos e artistas populares, se reinventou e transformou seu Instagram numa plataforma diária de lives autênticas, com produção simples e muito conteúdo, sendo eleita pelo público "A Rainha das Lives".

A cantora reuniu milhares de pessoas em seu Instagram para ouvi-la cantar a capela, assim como receber e conversar com convidados como Gilberto Gil, Ana Cañas, Caetano Veloso, Céu, Cida Moreira, Chico César, Daniela Mercury, Joana, Monica Salmaso, Seu Jorge e muito mais.

E este formato "lá em casa" se amplificou fora do mundo dos famosos, na Twitch, plataforma de lives da Amazon, as famosas transmissões ao vivo de garotas e garotos jogando games online foram substituídas por conteúdos não relacionados a jogos, como vlogs, dicas de beleza e lives de pintura corporal.

O principal crescimento tem sido na categoria "Just Chatting", que reúne conversas abertas e interações improvisadas entre streamers e seu público. Just Chatting tornou-se a categoria nº 1 durante a pandemia. Em novembro passado, os streamers do Twitch passaram de 228 milhões de horas transmitindo suas vidas ao vivo.

Isso torna a transmissão de vida ao vivo e hobbys maior do que as três categorias principais seguintes - gameplay transmitido ao vivo de League of Legends, Between Us e Fortnite - juntas.

Pessoas querem ser vistas e o livestreaming torna isso possível, transformando pessoas comuns em estrelas do mundo virtual.

André Moreira é um exemplo.

Morador de Itaquaquecetuba, na grande São Paulo, transformou sua vida em um inusitado reality show na Internet.

Todos os dias, André abre a câmera do celular e faz lives misturando "stand up comedy com Chaplin", com temas absurdos e engraçados como "comemorando meu aniversário com meu amigo invisível", "entrando e saindo do banheiro até amanhã", "encarando a câmera embaixo do chuveiro até terminar a água da caixa e minha mãe me arregaçar" e a série "contando 1 trilhão em 1 hora" que já está no sétimo episódio

As lives duram horas e contam com milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos, viralizando nas redes e atingindo milhares de pessoas.

O humor non-sense do moço está gerando repercussão e o perfil no Facebook já conta com mais de 50 mil seguidores e foi citado por personalidades como Marcelo Adnet e Felipe Neto, dois ícones do conteúdo viral nas redes.

A pandemia é responsável pelo crescimento deste movimento, mas é fácil afirmar que alguns novos hábitos, incluindo o livestreaming, são mudanças comportamentais definitivas para os próximos anos.

O fim do tédio... ao vivo! :)

João Ramirez é estrategista digital e especialista em livestreaming. Fez a 1ª transmissão ao vivo da história da Internet brasileira em 1996 e está no Guinness Book of Records. Dirigiu milhares de programas ao vivo nos últimos 20 anos e acredita que o novo tempo é ao vivo e o futuro é híbrido.

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