Depois de sete anos vendo a dominância da Mercedes, o GP da Estíria, na semana passada, trouxe a conclusão de que a equipe alemã não tem mais o melhor carro da Fórmula 1. A característica agora pode ser atrelada ao RB16B da Red Bull. Pelo menos por enquanto.

Qualquer dominância, de quem quer que seja, é prejudicial ao espetáculo, isso é claro. Mas não há de se negar que ver outra equipe assumindo o posto de time a ser batido traz até um certo alívio em ver que as coisas estão mudando.

Foram três vitórias consecutivas, as duas últimas em pistas onde normalmente a Mercedes dominava com grande tranquilidade – Paul Ricard, na França, e o (vejam só!) Red Bull Ring, na Áustria.

A pole position e a vitória de Max Verstappen no GP da Estíria mostram que a ordem de forças entre as duas melhores equipes na F1 se inverteu. E agora é a Mercedes quem faz o papel do gato atrás do rato.

Contudo, ainda é preciso alguma calma com o andor. Com seu último título conquistado em 2013 com Sebastian Vettel, a Red Bull está dando tudo no desenvolvimento do carro para garantir o título com Verstappen. E tem contado com ajuda inestimável de Sérgio Perez; o mexicano havia pedido cinco corridas para se acostumar melhor ao carro que, segundo ele, era diferente de todos os que já havia guiado na Fórmula 1.

Em sua sexta corrida, venceu. E na França, foi o fiel da balança ao impedir uma estratégia mais ousada tanto de Lewis Hamilton quanto de Valtteri Bottas. O mexicano colocou a Mercedes em uma posição de “se correr o Max pega, se parar o Max come”. Por isso o inglês e o finlandês – este, a muito contragosto – tiveram de se manter fiéis à estratégia de apenas um pit stop na França.

Enquanto a Red Bull dá tudo de si por 2021, a Mercedes não está na mesma vibe. A chefia da Mercedes diz que não jogou a toalha a respeito do carro deste ano, mas também não nega que está quase que totalmente focada no projeto do carro de 2022. O bólido do novo regulamento que entra em vigor na próxima temporada traz conceitos muito diferentes em relação ao que vem sendo praticado até então.

Por isso, é bom o torcedor curtir esta momentânea dominação da Red Bull e os (por enquanto) 18 pontos de vantagem de Verstappen sobre Hamilton. Vamos para a nona de 23 corridas, ainda é muito cedo. Entretanto, pelo andar da carruagem, dá toda a pinta de que o time austríaco é quem deve levantar o caneco neste ano. Mas pela inversão de foco entre as duas equipes, pode ser que este domínio taurino seja efêmero.

A ver.

Cleber Bernuci é jornalista e narrador dos treinos livres da Fórmula E no site oficial da TV Cultura.