Que baita campeonato!
13/07/2021 11h00
Não me lembro de um campeonato de automobilismo tão equilibrado quanto esta temporada do Mundial da Fórmula E. Alternância de líder na tabela a cada etapa, alternância de vencedores (9 em 11 corridas) e uma divisão de forças diferente a cada final de semana.
E não é só alternância entre primeiro e segundo colocado. Para quem acompanhou, na tela da TV Cultura, as duas corridas do e-Prix de Nova York, viu que Sam Bird começou o final de semana de maneira terrível: bateu no primeiro treino livre, não participou do segundo, envolveu-se em um acidente na classificação e conseguiu um suado nono lugar na primeira corrida.
Aí, no domingo, BAM! Bird venceu a corrida. E subiu, pasmem, da 11ª posição no campeonato para a liderança. E nada ainda é garantido. Temos ainda as duas rodadas duplas finais desta sétima temporada, com os e-Prix de Londres (24 e 25 de julho) e de Berlim (14 e 15 de agosto) fechando o campeonato.
O clichê de que muita coisa pode acontecer nunca foi tão válido. A receita adotada de limite de gastos, um regulamento rígido quanto ao desenvolvimento dos sistemas dos carros e a qualidade geral do grid contribuem para essa salada de equipes.
A Mercedes chegou a Nova York na liderança do campeonato de equipes, e deixou os Estados Unidos ocupando somente a quinta posição. E foi a equipe que começou o ano assustando todo mundo com um desempenho dominante de Nyck De Vries, só que o time não somou nenhum ponto na última rodada dupla. E essa briga, assim como a de pilotos, segue equilibradíssima: apenas cinco pontos separam Virgin, DS Techeetah e Jaguar, as três primeiras da tabela.
Bird sabe que cada etapa tem que ser tratada como a última, e ele tem a sombra do ascendente António Félix da Costa, vice-líder a apenas cinco pontos de distância, e que traz Robin Frijns colado com a mesma pontuação – um regularidade impressionante do holandês, o único entre os quatro primeiros da classificação a não ter vencido nesta temporada.
Ainda não é possível analisar o conjunto de fatores ou o que foi mais determinante para tamanho equilíbrio. E quer saber? Em vez de tentar descobrir, o melhor a se fazer é curtir a história sendo feita diante dos nossos olhos.
Cleber Bernuci é jornalista e narrador dos treinos livres da Fórmula E no site oficial da TV Cultura.
REDES SOCIAIS