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Recentemente, perdemos Chadwick Boseman, o astro de "Pantera Negra", aos 43 anos. A morte do ator causou muita comoção nos fãs da Marvel mas, principalmente, no povo preto, que havia encontrado no artista a merecida representatividade há tempos buscada. O filme foi um marco nas telonas por dar destaque a um herói negro, é a quinta maior bilheteria da Marvel nos cinemas, foi a primeira história de super-heróis a ser indicada ao Oscar de melhor filme e levou as estatuetas de trilha sonora original, figurino e direção de arte.

Várias homenagens foram prestadas no mundo todo e, no Brasil, não poderia ser diferente: o filme foi exibido na TV aberta pela Rede Globo e foi recorde de audiência, o maior pico de todo ano de 2020 no Tela Quente. O grito “Wakanda Forever” ressoou pelas mídias sociais em posts que traziam a #wakandaforever, vídeos e até mesmo no universo dos gibis da Turma da Mônica, que se despediu do astro com seus personagens fazendo o cumprimento tradicional do Pantera Negra.

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Obrigada por tudo. #wakandaforever✊🏾

Uma publicação compartilhada por Turma da Mônica (@turmadamonica) em

Em tempos de “Black Lives Matter” (movimento antirracista que cobra das autoridades que resguardem vidas negras, surgido após o assassinato de George Floyd por um policial branco de Mineápolis, nos Estados Unidos), “Wakanda Forever!” se tornou o grito metafórico do orgulho preto. Wakanda na língua kikongo significa: o que é nosso por direito.

Claro que assisti novamente ao filme e, assim como acontece quando relemos um livro, ouvimos várias vezes a mesma música e olhamos várias vezes um mesmo quadro, camadas vão sendo reveladas e passamos a perceber e a compreender sutilezas da obra de arte, seja que estilo for. O roteiro incrível, os efeitos visuais, as interpretações e o destaque inegável de Chadwick me emocionaram muito. Mas o que mais prendeu minha atenção, desta vez, foram as atrizes: fortes, empoderadas, sobressaltando na tela.

Durante o filme, me veio à cabeça: cadê as heroínas pretas dos filmes e das HQs de super-heróis? Foi, então, que resolvi fazer uma pesquisa e desta surgiu este texto. Deixo aqui meus agradecimentos a Chadwick Boseman, somando-os às milhares de homenagens que ele recebeu nesta semana. E, partindo do legado que ele nos deixou, quero convidar você a ampliar nossa atenção e homenagens também para as heroínas pretas.

Já contei no Slime anterior que sou filho de mãe preta. Tenho irmãs, sobrinhas, primas e avó pretas – e tenho muito orgulho! São elas a mais próxima referência de heroínas que tive em toda minha vida. E, hoje, vê-las representadas nas telas e nos HQs é bom demais. Pois bem, vou listar as super-heroínas pretas – porque representatividade importa sim! – que pesquisei, começando pelas do filme em questão:

1 - Shuri (Letitia Wright), Nakia (Lupita Nyong`o), Okoye (Danai Gurira), Ramonda (Angela Bassett) e todas as guerreiras do reino de Wakanda – seria esse o maior elenco preto dos filmes de heróis e heroínas?

2 -Tempestade (Halle Berry) - X-Men, talvez uma das mais populares heroínas negras até o momento.

3- Estelar (Anna Diop) na série Novos Titãs – há rumores de que a Warner Bros. quer fazer um filme solo mostrando as origens da heroína.

4 - Valquíria (Tessa Thompson), de Thor: Ragnarok (2017) – será a primeira heroína LGBTQ+ da Marvel em Thor 4.

5 - Thunder ou Tormenta (Nafessa Williams), primeira heroína negra lésbica da TV norte-americana, na série Raio Neg.

6- Coração de Ferro ou Riri Williams, menina negra de 15 anos que, com sua inteligência fora do normal, criou sua própria armadura do Homem de Ferro. Por enquanto, pode ser vista apenas nos quadrinhos da Marvel.

7- Gamora (Zoe Saldana), dos Guardiões das Galáxias.

8 - Misty Knight(Simone Missick), na série Luke Cage.

9 - Pulsar (quadrinhos) - Na verdade, é a primeira Capitã Marvel. Para impedir que um dispositivo fosse criado por um grupo terrorista, Monica foi bombardeada com energia extradimensional e assim ganhou seus poderes.

    10 - Moon Girl (quadrinhos) é uma heroína pré-adolescente da Marvel com inteligência fora do comum.

    11 - América Chavez ou Miss América (quadrinhos), super-heroína da Marvel Comics dotada de superforça.

    12 - Vixen (quadrinhos) é uma super-heroína africana e personagem fictícia de histórias em quadrinhos publicadas pela DC Comics.

    13 - Mulher Gavião (Ciara Renée), na série Legends of Tomorrow.

    14 - Segunda Power Ranger Amarela (Karan Ashley).

    15 - Estrelinha(Meninas Superpoderosas) – É a irmã mais velha das meninas, tem superforça, telecinese e teletransporte.

    16 - Aysha/Layla(O Clube das Winx) – Fada guardiã de Andros, vinda de família de sereias e tritões.

    17 - Núbia/ Nu’Bia– (DC Comics 1973) – Irmã de Diana (Mulher Maravilha) que foi raptada e teve um confronto com a heroína em seu retorno. Edição de Wonder Woman Vol. 1, número 204, de Fevereiro de 1973. (Disponível apenas em inglês).

    18 - Tilda Johnson (Deadly Nightshade – Marvel 1973) - Depois da aparição da Núbia, a Marvel, em agosto do mesmo ano, trouxe Tilda Johnson, a Deadly Nightshade, na capa do seu lendário personagem Capitão América. Criada por Steve Englehart e Alan Lee, Deadly Nightshade teve sua primeira aparição na edição 164 e, depois, ganhou espaço na série Luke Cage.

    19 - Spider-Woman (Marvel – 1974) - A primeira Mulher-Aranha é negra e a sua aparição aconteceu na edição número 6 de Spidey Super Stories, de 1974. Criada por Jean Thomas, Winslow Mortimer, Mike Esposito e Tony Mortellaro, com base no roteiro de Sara Compton, Spider-Woman é o alter ego de Valerie.

    20 - JET (DC Comics – 1988) Criada por Steve Engelhart e Joe Staton, teve sua primeira aparição no universo DC em 1988 na edição da Millennium #2 . JET foi a primeira personagem a abordar a temática do HIV e da AIDS, na História em quadrinhos. Em um breve resumo, Jet ou Celia Windward , contrai o vírus em uma luta contra o Hemo-Goblin.

    21 - Fatality (DC Comics -1997) - De Ron Marz e Darryl Banks, teve sua primeira aparição em Lanterna Verde V3, número 84, de 1997.


    Galera, na minha pesquisa rápida encontrei vinte e poucas super-heroínas pretas. Umas foram deixadas de lado no decorrer da história dos quadrinhos e outras permaneceram secundárias pelos HQs e filmes. Certamente, numa pesquisa mais demorada eu encontraria mais, mas só com isso acredito que tenha conseguido cumprir com o objetivo deste Slime, que era mostrar a existência de algumas destas personagens e aguçar ainda mais a nossa vontade de termos mais representatividade preta nas artes. Quero acreditar que o filme Pantera Negra veio para mudar completamente isso na indústria cinematográfica. E, na verdade, já mudou! Já corre no Twitter o desejo dos fãs para que não busquem um substituto para o ator Chadwick, mas que sua irmã, Shuri, continue o legado dos Panteras. Agora, é esperar atentamente pelas próximas super-heroínas pretas nas telonas! Eu já tenho as minhas em casa!

    E, pra finalizar, uma importante frase do filme: “Sábios constroem pontes, enquanto tolos constroem barreiras!”

    Jon Faria é ator, arte-educador, ilustrador, apresentador e ator de voz (voz original, locução, narração e dublagem).