Fundação Padre Anchieta

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Divulgação/Conmebol
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Quer dizer, então, que estamos às vésperas de testemunhar Palmeiras e Santos decidirem o título da Libertadores? Uma canção que ficou famosa na época da Jovem Guarda dizia: domingo tem Maracanã, tem Maracanã. Mas dessa vez é sábado, que me perdoe o autor da obra, Pedro Paulo. E será com o requinte de um jogo único, o que tenho pra mim como um modo muito eficaz de aumentar as emoções que cercam um momento desses. Não tem essa de lá e cá. É entrar em campo sabendo que não haverá uma segunda chance. Quando as luzes do principal estádio do país se apagarem ou se terá a glória, ou sobre as costas o peso de uma derrota retumbante.

Nestes tempos malucos confesso a vocês que a minha primeira torcida foi para que o espetáculo pudesse ser encenado com elenco completo. Pois mais do que ter a sensação de que o momento e o palco da partida clamam por isso seria uma maneira de não ver castigado pelo destino alguém que ao longo dessa temporada tão bizarra tenha suado tanto pra chegar lá, ou cuja ausência imediatamente se traduziria em perda de brilho. E digo isso porque se o futebol brasileiro não se faz assim tão merecedor dessa pompa todos os que arriscaram as canelas pra estar no Maraca no sábado o fazem, e muito. E com todos em condição de jogo essa página da nossa história esportiva será escrita de forma mais grandiosa. Com a frieza possível diria que não há favorito, até porque o futebol tem lá suas vaidades.

Existem diferenças, isso sim. De um lado um time endinheirado de quem sempre se esperou muito e que parece estar maturado. Certamente alguém lembrará das centenas de milhões que custou o time comandado agora por Abel Ferreira. Isso pesa, se traduz em cobrança. Mas é bom que se respeite o Palmeiras, e lhes digo: não foi à toa que ele se fez o principal rival do Flamengo nos dias atuais. Sim, porque se há um time com o qual mede forças é o time da Gávea. Quem não concordaria, por exemplo, que o Palmeiras não foi pensado, montado, imaginado para atuar como atuou magistralmente o Flamengo na temporada passada?

O Santos tem outra receita. Ou não tem receita. Não fosse esse abismo entre vitória e derrota arriscaria dizer que seria injusto pedir mais a esse time. Um time que fez a crônica esportiva se render a ele. Um finalista improvável. Uma equipe que ao longo dos últimos meses teve tudo para morrer na praia. Vitimado por uma administração posta pra fora, por atrasos de salários, coisa que costuma envenenar trajetórias. Nem o mais otimista torcedor santista seria capaz de apostar no que está vendo. Uma desconfiança que Soteldo, Marinho & Cia trataram de dissolver jogando o fino.

De tão grandioso esse Palmeiras e Santos que veremos notadamente contaminou os amantes do jogo, está além do que encerra. Impossível ficar indiferente diante dele. Torcedores de todos os times estarão secretamente cruzando os dedos pra esse ou para aquele, guardando pra si suas razões inconfessáveis. E quem sabe tirando de leve uma casquinha com a camisa alheia. Afinal, uma decisão dessa envergadura não deixa de ser patrimônio de todos os que cultuam o bom e velho jogo de bola.

Vladir Lemos é jornalista, apresentador Revista do Esporte e diretor de Esporte da TV Cultura.