Fundação Padre Anchieta

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Daniel Augusto Jr./Corinthians
Daniel Augusto Jr./Corinthians

Parece que foi ontem. Corria o mês de novembro de 2019. Andávamos às voltas com o Congresso aprovando o projeto de lei que previa a criação do clube empresa e criava condições especiais para a quitação acelerada de débitos. Lindo esse último termo, não? Não pensem, por favor, que minha capacidade daria pra tanto. O encontrei junto com outras informações que partilho aqui em um comunicado sobre o assunto na Agência Câmara de Notícias. Não se tratava de anistia, ia logo avisando seu relator, o deputado Pedro Paulo, do DEM/RJ. Mas no caso de pagamento em parcela única determinava desconto de 95% das multas, 65% dos juros e 100% dos encargos legais, inclusive honorários advocatícios.

Na ocasião, num arroubo de transparência, coisa sobre a qual o projeto também versava, o relator fez questão de lembrar que outros mecanismos de financiamento, como o Profut e a loteria Timemania, não tinham conseguido diminuir o endividamento dos clubes. Por certo os homens que cuidam do futuro do nosso futebol não deixarão a bola pingando na área, farão questão de apontar os efeitos nefastos causados pela pandemia. Como se bem antes dela não nos tivessem dado provas significativas de falta de excelência em termos administrativos. Vale lembrar que, ao contrário de muitos setores, não tardaram a receber auxílio. Pois se o projeto em questão segue parado no Senado, ainda em setembro do ano passado o Senado aprovou um outro que suspendeu durante a Pandemia da Covid-19 os pagamentos das parcelas de dívidas dos clubes ao PROFUT. Aliás, difícil achar outro nome tão apropriado.

Auxílio do governo, sabemos, não é uma mão estendida para todos. Que o digam os que dia após dia acompanham - entre a fome e o desespero - notícias sobre nova ajuda emergencial. Mas se peneiro esse assunto entre tantos outros é pra que notem como o tema aos poucos vai se impondo. Os clubes brasileiros, dizem, estão sufocados. O Santos, quebrado. O São Paulo sem saber o que fazer com as contas. O Corinthians tendo sobre a cabeça um papagaio de mais de 900 milhões de reais. Isso ao mesmo tempo em que uma pesquisa rápida na internet revelará que o São Paulo no final do primeiro semestre do ano passado era apontado como o time que mais faturou nos últimos cinco anos com a venda de jogadores. 671 milhões de reais. Encontrará também uma outra, de novembro passado, afirmando que nos últimos dez anos o Flamengo tinha sido o time que mais faturou no futebol brasileiro. 4 bilhões de reais.

Escutem o que digo, não tardará e voltaremos a ver a velha novela, nem tão velha assim, porque renovada de tempos em tempos. Farão questão de lembrar das arquibancadas vazias, da impossibilidade de faturar com a bilheteria e assim encher cofres que, pelo visto, sempre mantiveram vazios. Tá mais do que na hora de acabar com essa farra. Estou convencido de que mesmo sem poder rolar dívidas, pois fazer rolar a bola é só um detalhe desse negócio, o que a singular economia do futebol gera deveria ser suficiente para o manter.

Vladir Lemos é jornalista, apresentador Revista do Esporte e diretor de Esporte da TV Cultura.