Líderes europeus denunciam que regime de Lukashenko atrai refugiados para depois enviá-los aos países europeus, o que gera novos desafios para o continente. Comissão Europeia estuda impor novas sanções contra Minsk.O tema da migração foi um dos principais pontos da agenda do segundo dia da cúpula dos líderes da União Europeia, nesta sexta-feira (22/10). O continente vive um novo fluxo de migrantes e refugiados que atravessam a fronteira entre o Belarus os países vizinhos Polônia, Lituânia e Letônia, vindo de nações como Afeganistão, Síria, Irã e Iraque.
Os líderes europeus acusam o regime do presidente Alexander Lukashenko de enviar os migrantes através da fronteira em uma tentativa de desestabilizar a UE.
Milhares de refugiados foram atraídos ao Belarus com a oferta de vistos de turismo, somente para serem encorajados a partirem para além das fronteiras com a Europa, principalmente, através da Polônia.
A maioria deles têm a intenção de chegar às nações do centro e do oeste da Europa. Na Alemanha, as autoridades relataram que, desde agosto, 4,3 mil pessoas entraram no país através do território polonês depois de passar por Belarus, sendo que entre janeiro e julho, esse total era de apenas 26.
O presidente lituano, Gitanas Nauseda, disse que Lukashenko utiliza os migrantes como arma ao contrabandeá-los para dentro do bloco, e pediu uma revisão urgente das políticas migratórias da UE e a construção de uma "cerca física” para impedir o grande fluxo de refugiados.
Nauseda foi apoiado pelo chanceler austríaco Alexander Schallenberg, que disse que a UE deve ajudar a financiar uma possível barreira física na fronteira.
Entretanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, rejeitou a proposta. "Não haverá financiamento de arames farpados e muros”, sublinhou.
Ela, porém, criticou a instrumentalização dos migrantes pelo governo belarusso ao dizer que "nenhuma vida deve ser usada para exercer pressão política sobre a União Europeia”. "As pessoas usadas por Lukashenko são vítimas, e devemos ajudá-las”, ressaltou.
Novas sanções
Após quase cinco horas de discussões, os líderes concordaram que a UE não deve aceitar "tentativas por parte de países terceiros de instrumentalizar migrantes para propósitos políticos”. Eles pediram que a Comissão apresente propostas para lidar com a crise, mas não deram especificações sobre recursos financeiros ou quaisquer soluções concretas.
A chegada de refugiados ao continente aumentou depois de Bruxelas impor sanções a Lukashenko, como punição pela manipulação de resultados nas eleições presidenciais de 2020 e a violenta repressão aos protestos pacíficos no país que pediam o fim do regime do chamado "último ditador da Europa”.
O Executivo europeu propôs aumentar as restrições à concessão de vistos de entrada de membros do governo de Lukashenko no território da UE. Von der Leyen afirmou que o bloco está pronto para impor sanções adicionais contra indivíduos e entidades.
O tema da migração se tornou ainda mais sensível na Europa desde a crise migratória de 2015, quando mais de um milhão de refugiados chegaram ao continente. Essas pessoas, na maior parte, eram cidadãos sírios fugindo da guerra civil em seu país.
O êxodo em massa gerou uma das mais graves crises políticas da União Europeia. Até hoje, os Estados-membros ainda não tiveram êxito em criar um sistema que garanta o compartilhamento da responsabilidade sobre os migrantes que chegam ao continente.
rc (AP, DW)
REDES SOCIAIS