Nova variante do coronavírus ainda representa um risco muito alto e deve causar números elevados de hospitalizações, afirma agência da ONU. EUA e países da Europa têm recordes de infecções.A variante ômicron do coronavírus ainda representa um risco muito alto e pode sobrecarregar sistemas de saúde, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (29/12), em meio a recordes de infecções em vários países e após o mundo pela primeira vez superar a marca de 1 milhão de infecções em um dia.
Na última semana, os casos aumentaram 11% no mundo, forçando governos da China à Alemanha e à França a encontrar um difícil equilíbrio entre restrições anticovid e a necessidade de manter economias e sociedades abertas.
Embora alguns estudos sugiram que a cepa cause casos de covid-19 mais leves, a OMS pediu cautela. "O risco geral relacionado à nova variante de preocupação ômicron permanece muito alto", informou a agência da ONU em sua atualização epidemiológica semanal sobre a covid-19, apontando que somente dois a três dias são necessários para dobrar o número de infecções.
A OMS afirmou que, embora dados preliminares do Reino Unido, da África do Sul e da Dinamarca tenham sugerido haver um menor risco de hospitalizações pela ômicron em relação à delta, mais dados são necessários para compreender a gravidade da nova cepa e como ela pode ser impactada por infecções anteriores pelo coronavírus ou pela vacinação.
Apesar das evidências iniciais, o rápido avanço da ômicron "ainda resultará em números elevados de hospitalizações, particularmente entre grupos não vacinados, e causará um transtorno generalizado em sistemas de saúde e outros serviços críticos", alertou Catherine Smallwood, gerente de incidência de covid-19 da OMS na Europa.
Recordes pelo mundo
Os Estados Unidos registraram nesta terça-feira o recorde mundial de casos diários de covid-19. Em apenas 24 horas, foram reportados 512.553 novos casos, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Os últimos dados oficiais do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA apontam 441.278 registrados na segunda-feira. Além da ômicron, grandes concentrações de não vacinados e falta de acesso à testagem têm impulsionado as infecções.
A Europa também voltou a ser um dos focos da pandemia. A Holanda e a Suíça são os mais recentes países onde a ômicron se tornou dominante.
França, Reino Unido, Grécia e Portugal reportaram recordes de casos diários nesta terça. Somente na França, foram quase 180 mil infeções em 24 horas. No Reino Unido, quase 130 mil. A Grécia registrou 21.657 casos, e as autoridades afirmaram que a alta está relacionada à ômicron. Em Portugal, foram computadas 17.172 novas infecções.
A Dinamarca tem atualmente a maior taxa de infecção do mundo, com 1.621 casos por 100 mil habitantes em sete dias. No entanto, autoridades do país destacam que há muito menos pessoas internadas por covid-19 do que nessa época do ano passado. No país, 77% da população já estão completamente vacinados, e 42% dos vacinados já receberam uma dose de reforço.
Na Alemanha, onde o total de casos de ômicron saltou 45% em um dia, para 10.442 nesta terça, novas restrições entraram em vigor. Encontros privados foram limitados a dez pessoas vacinadas ou os moradores de duas residências se não vacinados estiverem presentes. Discotecas foram fechadas, e eventos esportivos terão de ser realizados sem público. O país registrou um total de 21.080 novas infecções nesta terça.
As infecções também estão aumentando na América Latina e no Caribe, onde a pandemia parecia estar retrocedendo. A alta nos casos de covid-19 coincide com relatos de aumento de infecções pela variante ômicron no Panamá, Colômbia, Chile, Argentina, Paraguai, Venezuela, México, Cuba, Equador e Brasil. Até agora, 77 casos da ômicron foram identificados em solo brasileiro.
As altas nas infecções mundo afora causaram graves transtornos a viagens neste fim de ano, com milhares de voos cancelados no mundo. A situação também ameaça eventos esportivos e levou ao cancelamento de celebrações de Ano Novo. No Brasil, quase todas as capitais cancelaram as comemorações de réveillon.
lf/rw (AFP, DW, ots)
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