Trabalhos de manutenção, exigindo fechamento de gasoduto Nord Stream 1, geram temores de que em seguida Moscou se aproveite para privar o país de combustível. Planos de emergência estão sendo elaborados.A Alemanha está se preparando para uma potencial suspensão permanente do fluxo de gás natural da Rússia a partir desta segunda-feira (11/07), quando se inicia a manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que leva o combustível para o país através do Mar Báltico.
Os trabalhos nos 1.220 quilômetros de tubulações são um evento anual exigindo o fechamento dos registros por dez a 14 dias. Segundo porta-voz da companhia administradora, sediada na Suíça, haverá supervisão de partes mecânicas e sistemas automáticos.
"Como previsto, o Nord Stream 1 está a zero desde esta manhã", informou Klaus Mueller, presidente da Bundesnetzagentur, a agência alemã reguladora das redes de gás, eletricidade e telecomunicações. "O que ocorre no fim da manutenção, ninguém é capaz de dizer neste momento. Não saberemos nada antes do dia anterior a seu fim programado."
O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, não hesitou em expressar as apreensões do governo, referindo-se a um "cenário de pesadelo": "Tudo é possível, tudo pode acontecer", comentou no sábado à emissora Deutschlandfunk. "Pode ser que o gás volte a fluir, talvez mais do que antes. Mas também pode ser que nada venha. Precisamos honestamente nos preparar para a pior situação possível e fazer o melhor para lidar com ela."
Planos de emergência em caso de corte total
Na Alemanha é grande a preocupação de que Moscou se aproveite da oportunidade para instrumentalizar ainda mais a energia em represália às sanções do Ocidente pela guerra contra a Ucrânia. O Nord Stream 1 transporta por ano 55 bilhões de metros cúbicos de gás russo, vital tanto para movimentar a maior economia europeia como para aquecer a maioria de seus lares.
Por todo o país estão sendo elaborados planos de emergência em caso de corte total: hospitais e serviços de emergência têm prioridade máxima, enquanto as residências estão à frente da maior parte dos usos industriais. Também é intensa a luta contra o aumento dos preços da energia e a consequente inflação.
Desde o começo da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, em 24 de fevereiro, Moscou reduziu o fluxo pelo Nord Stream 1 a cerca de 40% dos níveis usuais, colocando a culpa nas sanções, por supostamente impedirem o acesso a peças sobressalentes.
No sábado, o Canadá declarou que, após consultações com Berlim e a Agência Internacional de Energia (AIE), isentará a Rússia das sanções "por tempo limitado", para permitir o envio, a partir de Montreal, de uma turbina russa necessária aos trabalhos de manutenção do gasoduto.
Na véspera, o Kremlin prometera aumentar o fornecimento à Europa, assim que a turbina seja devolvida. Kiev objetou, argumentando que a medida ajudaria a manter a dependência europeia em relação ao combustível russo.
A meta de curto prazo da Alemanha é tentar encher seus reservatórios de gás, com vista ao próximo inveno. Segundo dados divulgados pela Bundesnetzagentur na sexta-feira, o nível atual das instalações é de 63% de sua capacidade total. Espera-se atingir 90% até 1º de novembro.
No longo prazo, Berlim quer diminuir a dependência do país do gás russo, estabelecida ao longo de décadas, aumentando a geração de energia renovável, em parte ao redefinir o setor como de importância vital para a segurança nacional.
av/bl (Reuters,ots)
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