As autoridades iranianas acusam artista de espalhar falsidades sobre manifestações que ocorrem desde setembro no país. Taraneh Alidoosti estrelou longa ganhador do Oscar de língua estrangeira em 2017.As autoridades do Irã prenderam uma das atrizes mais famosas do país, acusada de espalhar falsidades sobre os protestos que têm ocorrido desde setembro, informaram os veículos de mídia estatais neste sábado (17/12).
Taraneh Alidoosti, a estrela do filme vencedor do Oscar de língua estrangeira em 2017, O apartamento, foi detida uma semana depois de ter divulgado na rede social Instagram uma mensagem expressando sua solidariedade em relação ao homem que foi executado no começo de dezembro por crimes alegadamente cometidos durante os protestos no país.
Artista conhecida no cinema iraniano desde a adolescência, ela também atuou na obra de Saeed Roustayi Leila e seus irmãos, apresentada este ano no Festival de Cannes.
De acordo com a mídia estatal iraniana, Alidoosti foi presa por não ter apresentado "nenhum documento que comprovasse as suas denúncias".
"O seu nome era Mohsen Shekari. Cada organização internacional que assiste a este derramamento de sangue e não age é uma vergonha para a humanidade", escreveu a atriz, de 38 anos, na mensagem publicada no Instagram.
Shekari foi executado em 8 de dezembro, após ter sido acusado por um tribunal iraniano de bloquear uma rua em Teerã e por ter atacado, segundo as autoridades, um membro das forças de segurança com uma faca.
Protestos
O Irã tem sido abalado por protestos desde que, em 16 de setembro, Mahsa Amini, uma jovem iraniana de origem curda de 22 anos, morreu após ter sido detida pela chamada polícia da moralidade, por supostamente não usar o véu islâmico de forma adequada, desrespeitando o rígido código de vestuário feminino.
Desde então, os protestos se transformaram em um dos mais sérios desafios ao regime teocrata do Irã, instalado pela Revolução Islâmica de 1979.
Hengameh Ghaziani e Katayoun Riahi, outras duas atrizes famosas no Irã, também foram detidas pelas autoridades por expressarem solidariedade com os manifestantes, em mensagens nas redes sociais, tendo já sido libertadas.
Em cerca de três meses de protestos, que têm sido fortemente reprimidos pelas autoridades iranianas, morreram mais de 500 pessoas e pelo menos 15 mil foram detidas, segundo a organização não governamental Iran Human Rights.
md (Lusa, AP)
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