Titular da pasta da Agricultura, Cem Özdemir avalia que vitória do populista na Argentina cria ambiente "mais difícil" para ratificação do acordo. Presidente eleito já externou seu desprezo pelo bloco sul-americanoO ministro alemão da Agricultura, Cem Özdemir, disse nesta segunda-feira (20/11) que a eleição do populista de direita Javier Milei na Argentina pode criar dificuldades para a aprovação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
"Temos que nos apressar, não será fácil, o ambiente será mais difícil, o populismo está aumentando tanto lá [na América do Sul] quanto aqui [na Europa]", disse Özdemir ao chegar a uma reunião do Conselho de Agricultura em Bruxelas.
"Nem todo mundo entendeu ainda que não estamos sozinhos no mundo, que há muitas potências que têm uma agenda diferente, que querem que os autoritários prevaleçam", destacou o ministro alemão.
Ele pediu que as democracias e "aqueles que estão interessados em que lideremos o caminho para a proteção da floresta tropical" trabalhem "juntos" para que "governos autoritários, tanto aqui quanto lá, não ganhem força".
Milei derrotou o peronista Sergio Massa no segundo turno das eleições argentinas no domingo e, durante a campanha, demonstrou sua rejeição ao Mercosul, chegando a defender a saída da Argentina do bloco, o qual classificou como "união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica os membros".
Cronograma mantido
Também nesta segunda-feira, um porta-voz da Comissão Europeia disse que o grupo mantém a intenção de fechar o acordo Mercosul-UE ainda este ano.
"Continuamos trabalhando para cumprir o prazo estabelecido para que este acordo seja concluído antes do final do ano", declarou o porta-voz do executivo comunitário para a pasta do Comércio, Olof Gill.
"O que posso dizer é que as negociações [sobre o acordo UE-Mercosul] estão em curso e estão sendo extremamente construtivas e concentradas, tendo sido realizadas três reuniões entre os principais negociadores em outubro e na semana passada", destacou Gill.
A UE e o Mercosul assinaram o acordo comercial em 2019, após 20 anos de negociação, mas, para ser ratificado, precisa do aval de todos os países envolvidos. Após três anos na gaveta, a eleição no ano passado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu novo fôlego aos debates. Mas, agora, com a posse de Milei marcada para 10 de dezembro, alguns interlocutores defendem que as negociações precisam ser aceleradas.
A esperança é de que o acordo possa ser concluído até a cúpula do Mercosul, marcada para 7 de dezembro, no Rio de Janeiro.
Se ratificado, será o maior acordo comercial do mundo, abrangendo os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.
le (Lusa, EFE, DW)
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