Os quatro homens, com idade entre 24 e 26 anos, foram soltos após interrogatório. Eles teriam encorajado torcedores do rival Atlético de Madrid a irem mascarados ao estádio para insultar o brasileiro à vontade.A polícia espanhola anunciou nesta quinta-feira (24/10) a prisão e interrogatório de quatro homens suspeitos de organizarem uma campanha de ódio contra o jogador Vinicius Jr., do Real Madrid.
Eles teriam incitado torcedores do Atlético de Madrid, um time rival, a comparecerem ao estádio com máscaras cirúrgicas para insultar o brasileiro com ofensas racistas, de modo a não serem identificados pelas autoridades.
A partida foi realizada no dia 29 de setembro no estádio Metropolitano, em Madrid, e a campanha, sob a hashtag #metropolitanoconmascarillas (Metropolitano com máscaras), viralizou nas redes nas vésperas do jogo.
Trata-se das primeiras prisões no caso. Os suspeitos, com idade entre 24 e 26 anos, foram detidos entre 14 e 15 de outubro e liberados após prestar depoimento. Suas identidades não foram reveladas, e caberá ao Judiciário decidir sobre a abertura ou não de processo contra eles. A polícia afirma que a investigação segue aberta e pode acarretar mais prisões.
Vini Jr. já foi alvo outras vezes de insultos racistas
Vini Jr., que foi alvo de insultos racistas diversas outras vezes, queixou-se publicamente em 2023, acusando o campeonato nacional da primeira divisão e a Espanha de serem racistas.
O desabafo veio após ele ser insultado durante uma partida no estádio Mestalla, em Valência, e resultou na primeira condenação no país de torcedores que proferiram insultos racistas num estádio de futebol. Três homens foram sentenciados a oito meses de prisão por crime de ódio.
Desta vez, a organização do campeonato espanhol emitiu um pronunciamento público um dia antes da partida, endossando a prisão dos envolvidos na campanha e qualificando-a como crime de incitação ao ódio.
Não houve registros de ofensas racistas na partida, mas o jogo chegou a ser suspenso por alguns minutos porque torcedores arremessaram itens em direção ao goleiro do Real Madrid, Thibaut Courtois.
A federação espanhola de futebol RFEF puniu o Atlético, restringindo a quantidade de assentos disponíveis à torcida na última partida do time, contra o Leganes, que ele venceu por 3 a 1.
Por causa dos tumultos durante o jogo contra o Real Madrid, o Atlético também pode ser punido pelo Comitê Anti-Violência do governo espanhol, que pediu o fechamento por duas semanas do estádio Metropolitano e multa de 65 mil euros (R$ 400 mil).
Um relatório entregue pela organização do campeonato espanhol após os eventos investigados lista 142 incidentes desde 2015 associados à torcida organizada Frente Atlético, de ultradireita. A entidade afirmou que prestaria queixa criminal e pediu o banimento da torcida.
Procurado pela agência de notícias Reuters, o Atlético de Madrid não se pronunciou sobre o caso. No início de outubro, o time afirmara estar empenhado em adotar medidas disciplinares internas contra associados envolvidos em episódios racistas, xenófobos ou de intolerância. Também suspendeu a compra de ingressos, por parte de alguns torcedores, para os próximos cinco jogos do clube.
ra/av (Reuters, DPA, ots)
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