A declaração levou os principais executivos da empresa a afirmar que a VW terá que impor algumas mudanças para permanecer competitiva.
Segundo Cavallo, o plano da administração da empresa prevê que as demais fábricas da Volkswagen na Alemanha deverão ter suas capacidades reduzidas. Os diretores estariam ainda planejando cortes de salários em várias categorias.
Os executivos da automobilística argumentaram que os altos custos nas fábricas alemãs tornam necessária a imposição de cortes profundos, mas não comentaram os relatos sobre possíveis fechamentos de fábricas.
Altos custos de produção
"Não podemos continuar como antes", disse Thomas Schäfer, o principal executivo da Volkswagen, em comunicado emitido nesta segunda-feira. "Não somos suficientemente produtivos em nossas unidades alemãs e nossos custos de fábrica estão atualmente 25% a 50% mais altos do que planejamos. Isso significa que as fábricas alemãs individuais são duas vezes mais caras que a concorrência", explicou.
"Sem medidas abrangentes para recuperar a competitividade, não seremos capazes de arcar com investimentos significativos no futuro", afirmou o diretor de recursos humanos da Volkswagen, Gunnar Kilian, em nota. "O fato é que a situação é séria e a responsabilidade dos parceiros de negociação é enorme", observou.
"A discussão sobre o futuro da Volkswagen deve primeiro ser conduzida internamente com nossos parceiros de negociação", acrescentou.
Schäfer disse que o objetivo continua sendo aumentar o retorno sobre as vendas para 6,5% até 2026, o que ele considera ser a única maneira de financiar os investimentos futuros necessários. O diretor e outros executivos da Volkswagen não detalharam quais cortes serão necessários, nem mencionaram os comentários de Cavallo.
Sindicato promete resistência
O sindicato dos metalúrgicos IG Metall, que representa a maioria dos trabalhadores da VW na Alemanha, prometeu se opor a qualquer fechamento de fábrica. "Esta é uma facada profunda no coração da força de trabalho da VW", disse Thorsten Gröger da IG Metall, gerente distrital do sindicato no estado da Baixa Saxônia, onde a empresa está sediada.
"Queremos garantir as instalações, a utilização da capacidade e os empregos no longo prazo. Se a diretoria quiser anunciar o fim da Alemanha, eles devem esperar uma resistência que não podem imaginar", disse Gröger.
Cavallo pediu aos executivos da Volkswagen que apresentassem uma visão para o futuro da empresa, ao invés de medidas individuais de corte de custos. "Sem soluções parciais e sem compromissos preguiçosos. Estamos procurando um pacote geral", disse. "Qualquer outra coisa não funcionará conosco."
Ela disse que os executivos da VW também estariam planejando demissões em massa, com departamentos inteiros em risco de fechamento ou de realocação no exterior. "Todas as fábricas alemãs da VW serão afetadas por esses planos. Nenhuma delas está segura", disse Cavallo.
Fim da segurança no emprego
A Volkswagen emprega em torno de 120 mil pessoas na Alemanha, cerca de metade das quais trabalham na sede da empresa em sua fábrica principal em Wolfsburg, no norte da Alemanha.
A automobilística opera um total de dez fábricas na Alemanha, seis das quais estão na Baixa Saxônia, três no estado da Saxônia e uma em Hesse.
Em setembro, a VW pôs fim a um acordo de segurança de emprego junto a sindicatos trabalhistas que estava em vigor há mais de 30 anos, o que significa que as demissões poderão ocorrer a partir de meados de 2025. O anúncio foi visto como um sinal preocupante para a economia do país como um todo.
A Volkswagen jamais fechou uma fábrica na Alemanha, e há mais de três décadas não fecha uma de suas unidades em qualquer lugar do mundo.
Governo pede proteção aos empregos
Logo após o anúncio do Conselho de Funcionários, o governo alemão pediu à Volkswagen que aja para proteger os empregos.
"A posição do chanceler sobre isso é clara; decisões possivelmente equivocadas tomadas no passado pela diretoria não deveriam ocorrer às custas dos trabalhadores. Agora se tornou uma questão de preservar e assegurar os empregos", afirmou um porta-voz do chanceler federal alemão, Olaf Scholz.
Os executivos da empresa devem se reunir com negociadores do sindicato IG Metall na próxima quarta-feira para uma segunda rodada de conversações sobre um novo acordo de negociação coletiva. Em uma reunião inicial em setembro, a empresa rejeitou categoricamente as demandas dos sindicalistas, que exigiam um aumento salarial de 7%, e insistiu na necessidade de fazer economias.
Cavallo disse na segunda-feira que a VW deve impor um corte salarial de 10% e que não haverá nenhum aumento nos pagamentos pelos próximos dois anos.
"Esperamos que a Volkswagen e seu conselho administrativo delineiem conceitos viáveis para o futuro na mesa de negociações, ao invés de fantasias sobre cortes, onde o lado do empregador até agora apresentou pouco mais do que frases vazias", criticou o sindicalista Gröger.
rc/ra (Reuters, DPA)
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