Fundação Padre Anchieta

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Com mais de 55 músicas censuradas na ditadura militar nos anos 1970, Gonzaguinha era reconhecido pelo talento agressivo e invocado. Tinha um gênio afiado, e nas palavras do sanfoneiro Dominguinhos, “não dava mole, não!”.

A maior parte do público associava seu nome à canções de protesto. Versos como “Te vira, bota um sorriso nos lábios” e “de tanto andar na corda bamba eu sou equilibrista, e a plateia aplaudindo e pedindo bis”, presentes na canção "Pois é Seu Zé", colaboravam para a imagem rebelde de Luiz Gonzaga Junior.

Foi no final dos anos 1960 que o compositor se juntou a Ivan Lins, Aldir Blanc e outros grandes futuros nomes da música brasileira para formar o “MAU”, o Movimento Artístico Universitário. Eventualmente, se juntavam ao grupo profissionais como Milton Nascimento, Jackson do Pandeiro, Emílio Santiago e Ney Matogrosso. O movimento nasceu na rua Jaceguai, número 27, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. O MAU tinha a intenção de criar música de uma forma livre, espontânea e descontraída. Mas era inevitável: em plena ditadura militar, não se podia esperar outra coisa além da crítica sócio-política de um artista como Gonzaguinha.

O estereótipo ingênuo e despretensioso que o grande público conhece nos versos das canções mais populares do compositor não dialoga com um reflexo carrancudo que o próprio Gonzaguinha fazia questão de cultivar, apelidado na época de “cantor rancor”. Para o jornalista Okky de Souza, no site Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira, Gonzaga Junior “era dono de um mau humor folclórico na MPB”.