Parte 1:
Parte 2:
Não tinha como a gente fazer o Caixa Acústica, aqui na Rádio Cultura Brasil, com os nomes mais importantes para o rock nacional e não falar dele, sobre ele e com ele. Rock é atitude, coragem, fazer o que você quer e não o que os outros dizem que deve fazer e não conheço ninguém que teve mais atitude e ousadia do que ele: Ney Matogrosso!
Esse nosso grande artista é cantor, coreógrafo, ator, iluminador, diretor, dançarino, um ícone que segue lotando teatros e casas de shows Brasil afora. Mantém uma rara relação de intimidade com um público sem idade nem rótulo, inclassificável como ele.
É um dos maiores intérpretes da música brasileira, aos 83 anos, não só revolucionou a música, como quebrou várias barreiras com a sua ousadia, seu talento. Filho de militar, viveu uma infância nômade, morando em diversas cidades, mas foi ao ir embora da casa dos pais que ele encontrou seu lugar no mundo.
Como ele sempre diz, “Eu nasci transgressor e vou morrer transgressor. Tenho consciência do exercício da liberdade e vou defendê-la até o fim. Sou um homem livre e busco reafirmar isso o tempo todo”.
E quem, além dele, vai do rock ao pop, do MPB ao samba, com tanta maestria?
É sendo ele mesmo, de maneira inegociável, que ele atravessa o conservadorismo do mundo, não importa a época.
Ele é o performer que seduz a plateia em apresentações vigorosas e sensuais, despindo-se literal e simbolicamente no palco. É o intérprete que conduz a emoção do público apenas com sua voz em um cenário minimalista. Intenso, sensual, “homem com H”, de sexualidade livre e um artista original, originalíssimo.
Ney Matogrosso recebeu nossa equipe em seu hotel, dias antes de sua grandiosa apresentação no Allianz Parque, em agosto de 2024. No primeiro episódio, você confere a primeira parte dessa entrevista em que ele conta sobre seu início nas artes, a entrada no Secos & Molhados, a amizade com Rita Lee e sua carreira solo.
Já na segunda parte, Ney conta como conheceu Cazuza e como sua decisão de gravar “Pro dia nascer feliz”, composição de Frejat e Cazuza, alavancou a banda Barão Vermelho, que ainda dava seus primeiros passos. Aliás, as regravações são parte importante de sua discografia e suas interpretações dão nova vida e até novos sentidos para canções, graças à seu modo único de cantar. É o caso, por exemplo de “Bloco na rua”, de Sergio Sampaio, canção escrita no contexto da ditadura militar, nos anos 1970, mas que na interpretação atualizada de Ney Matogrosso ganha um sentido de expressão de sua própria liberdade.
Outras versões memoráveis do cantor citadas no programa, e que estão em seu atual repertório, são “Pavão mysteriozo”, de Ednardo, e “Yolanda”, de Chico Buarque e Pablo Milanés. Sobre Chico Buarque, Ney afirma sempre acompanhar de perto seus trabalhos, “não tenho nenhum problema em regravar, todo disco do Chico que sai eu ouço para escolher o que posso cantar”.
Por fim, o cantor dá detalhes de sua turnê “Bloco na Rua – Ginga pra dar e vender”, faz questão de reafirmar que não pensa em aposentadoria e revela que há ainda muita música nova a ser lançada.
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