“Com minha voz clamei ao Senhor” – estas são as primeiras palavras do “Hino Querubínico no. 7”, do compositor ucraniano Dmitry Bortniansky, nascido em 1751, e que viveu até 1825. O Ensemble Cherubim, liderado por Marika Kuzma, lançou em 2013 um álbum interessantíssimo pelo selo Naxos. Nele o coro interpreta “a cappella”, ou seja, sem nenhum acompanhamento instrumental, este belo hino e oito “concertos corais” de Bortniansky.
“Esta gravação é a primeira A recorrer a várias fontes de arquivo antigas para fixar as notas originais, os ritmos, as indicações de partitura solo-tutti, além de indicações de dinâmica e acentos incomuns”, escreve a regente Kuzma no encarte. “E também é a primeira a restaurar a pronúncia autêntica do eslavo eclesiástico como teria sido corrente no século 19 em São Petersburgo: é uma dicção que difere das práticas atuais ucranianas ou russas”. A ideia de Kuzma é recriar exatamente a emoção que o compositor francês Hector Berlioz registrou em suas “Memórias” ao ouvir estes concertos corais a cappella em São Petersburgo em meados do século 19.
Dmitry Bortniansky nasceu na Ucrânia, cresceu cantando no coro da corte imperial russa, estudou composição na Itália e mais tarde se tornou o primeiro mestre de capela eslavo nativo dos czares. Sob sua regência, o coro da Capela da Corte Imperial interpretou não apenas sua música e a de seus contemporâneos em São Petersburgo, mas também oratórios como “O Messias” de Haendel, ‘A Criação” de Haydn e a “Missa Solemnis” de Beethoven.
Compositor ucraniano trabalhando em São Petersburgo; Kiev como primeira capital russa. A música não reconhece fronteiras, afinal Ucrânia e Rússia têm suas histórias entremeadas, respiram a mesma arte, cultura e características sociais.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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