Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da Internet Bruno Monteiro

Aos 45 anos, o violinista português Bruno Monteiro vem desenvolvendo uma intensa carreira no universo camerístico. Ao lado do pianista João Paulo Santos, forma um duo plenamente amadurecido ao longo de 20 anos de existência e muitas gravações

O que os caracteriza é a inquietação, sempre em busca de novos repertórios ou então obras que permaneceram encobertas pelo tempo e hoje pouco ou nunca frequentam salas de concertos ou estúdios de gravação. Assim, por exemplo, dedicaram um álbum ao compositor checo Erwin Schulhoff, que morreu em 1942 num campo de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial. Outro foi dedicado às peças para esta formação de Igor Stravinsky. Em “20th century expressions”, eles interpretam peças de Szymanowski, Bloch e Korngold.

O duo acaba de lançar um álbum pelo selo Etcetera com três sonatas para violino e piano, em que a mais conhecida é a de Maurice Ravel. Mas as atenções acabam deslocando-se naturalmente para as sonatas assinadas por Villa-Lobos (sua sonata Fantasia, no. 2) e a do compositor português Luis de Freitas Branco.

Branco nasceu em 1890 e morreu em 1955, portanto foi contemporâneo de Villa e Ravel. No texto que assina no encarte do CD desta semana, Monteiro considera “estranho” o fato de as sonatas de Villa e Freitas Branco serem “ainda pouco conhecidas do público melômano, pois refletem o inegável talento de dois compositores maiores, um português e o outro brasileiro, que foram, no seu tempo, mestres da sua arte”.

Nas degustações, portanto, vou me concentrar na sonata de Freitas Branco. Ele a compôs aos 17 anos, em 1908 e ainda estudava no Conservatório Nacional de Lisboa. A sonata ganhou primeiro prêmio de composição em concurso na capital portuguesa e provocou, segundo Monteiro, “polêmica”. E explica: “A sonata em si, em relaçao ao que era feito em Portugal na altura, constituiu uma verdadeira revolução, pois apresenta tendências construtivas e de linguagem formal pouco comuns”. Monteiro vai aos detalhes: a originalidade estava no uso de “liberdades modulatórias, dissonâncias que estavam longe de pacíficas aos ouvidos dos mais conservadores intelectuais da altura”.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.