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O compositor vienense Erich Wolfgang Korngold, nascido em 1897, foi um precoce talento prodígio detectado por seu pai, o importante crítico musical de Viena, Julius. Até aí, feliz coincidência. Acontece que o então todo-poderoso crítico do jornal Neue Freie Presse usou de todas artimanhas e lobbies para construir o sucesso do filho. O menino, que já foi batizado como um novo Mozart pelo pai, que acrescentou um “Wolfgang” a seu nome, lidou com suspeição a vida inteira. E por vários motivos.
O primeiro foi este, o tráfico de influência do pai. O CD desta semana, do excelente duo de músicos portugueses Bruno Monteiro, ao violino, e João Paulo Santos ao piano, tem como peça mais importante o juvenil trio no. 1 para violino, piano e violoncelo, aqui executado por Miguel Rocha.
O menino ainda estudava com Zemlinsky, e o trio era tão consistente que se aventou nas fofocas vienenses que o professor e o pai o tinham ajudado. Nada disso parece ter acontecido. Mas o boato permaneceu. Sobretudo quando Julius usou seu prestígio para fazer estrear o trio do menino de 13 anos em Viena no aniversário do jornal The Merke.
Mas a música é o mais importante. E de fato este trio bate, de longe, em qualidade, uma obra camerística semelhante composta por Richard Strauss com a mesma idade. Até refugiar-se nos Estados Unidos na década de 30, Wolfgang firmou-se como o segundo compositor mais tocado na Europa – logo atrás de Richard Strauss, que, imaginem, fazia furor primeiro com seus poemas sinfônicos e em seguida com suas óperas.
Uma vez em Los Angeles, transformou-se rapidamente no rei das trilhas sonoras em Hollywood. Resumindo: ele não precisava de nenhum empurrãozinho.
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