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Reprodução da Internet Nikolai Kapustin

Ouça o álbum completo: 


Tenho acompanhado a carreira póstuma do compositor ucraniano Nikolai Kapustin há bastante tempo, mas sobretudo de quatro anos para cá. Ele morreu em 2 de julho de 2020, em Moscou, aos 82 anos. E é incrível como sua música vem sendo cada vez mais tocada e gravada. Um dos militantes mais aguerridos – e talentosos – é o pianista Frank Dupree, que completa seus 33 anos nesta sexta-feira, dia 6. Aliás, ele é alemão, e seu nome era originalmente gravado com trema Düpree. Ele vem registrando a obra de Kapustin com paixão e muita competência. Em entrevista recentíssima a propósito do lançamento do CD desta semana na Cultura FM, ele disse que seria capaz de só tocar Kapustin nos próximos dez anos, tamanho seu prazer como intérprete.

Voltemos ao compositor. Ele nasceu em Donetsk, na Ucrânia, compôs pouco mais de 150 obras e seu credo sempre foi fundir a linguagem do jazz com as exigências estruturais da música clássica. Teve sólida formação clássica no Conservatório de Moscou. Aos 13 anos compôs sua primeira sonata. Apaixonou-se pelo jazz nos anos 1950, na era pós-Stálin, dita do degelo, ma non troppo. Naquele momento, o jazz era proibido na União Soviética. Aluno do lendário Alexander Goldenweiser, solou em sua formatura o Concerto no. 2 para piano de Bela Bartók. Imediatamente depois começou a trabalhar como pianista e arranjador da Oleg Lundstrem’s Symphony Orchestra of Light Music. Em uma rara entrevista, Kapustin lembra que “foi minha segunda escola”. Parceria que durou 11 anos.

Na década de 1960, tentou fundir as tradições de Gershwin e Ellington com a música russa para piano. Na década seguinte, buscou um estilo fusion incorporando elementos de jazz, rock, música clássica europeia e folclore. Em sua música de câmara, as estruturas clássicas são radicalmente transformadas por princípios que são específicos do pensamento jazzístico, sobretudo o improviso e o refinamento no desenvolvimento do ritmo e da harmonia modal. Mas atenção: Kapustin sempre se autodefiniu como compositor e não um músico de jazz.

“Jamais fui músico de jazz. Nunca tentei ser um verdadeiro pianista de jazz. Mas tive de assumir esta postura por causa da composição. Não estou interessado no improviso – e o que é um músico de jazz sem improvisar? Todos os meus improvisos são escritos, claro, e tornaram-se muito melhor; aperfeiçoaram-se”.

Você vai se encantar com os concertos para piano e orquestra no.s 2 e 6, o Concerto-Rapsódia opus 25 e o Noturno opus 16 que Dupree sola ao lado da Orquestra Sinfônica da Rádio do sudoeste da Alemanha. Abreviando: SWR Symphonieorchester, baseada em Stuttgart, regida por Dominik Beykirch. E também com outras peças como as Variações para piano e big band, opus 3,a Toccata para piano e big band, opus 8 – ambas com participação da Big Band SWR.