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Nesta semana (terça-feira, dia 22 de outubro), Chico Carvalho comentou no programa “Estação Cultura” sobre César Aira e a inspiração que o autor argentino buscou em Guimarães Rosa para escrever “O Vestido Rosa”, uma espécie de conto-romance.

Em alguma aldeia dos pampas argentinos, uma senhora costura um vestido rosa com a intenção de presentear uma vizinha. Pronto. Esse é o ponto de partida de uma estória, dessas estórias com E mesmo, não com H.

No redemoinho de palavras que se cria a partir de então, o movimento nunca deixa de ser circular, dando a impressão de que as travessias das personagens estão sempre fadadas a voltar ao ponto inicial. Tantos os pampas de César Aira quanto as veredas de Guimarães Rosa comungam desse percurso sem fim. Em ambos os autores há um certo prazer no reconhecimento de que o infinito cabe na palma de uma mão, assim como a pequena porção de um passo já contém todo o horizonte de que é preciso percorrer. Nossa finitude é a principal arma para reivindicar a eternidade que teima em nos escapar entre os dedos.

“O Vestido Rosa” é um romance de César Aira publicado pela editora Fósforo. Tradução de Joca Wolff e Paloma Vidal. O quadro encerra com a “Paseo de Julio”, canção de Carlos Gardel transcrita e interpretada para piano por Luis Bacalov.

O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também no aplicativo Cultura Play.